Segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Chegar aos 100 anos será cada vez mais comum para quem seguir hábitos saudáveis, diz pesquisador

Chegar aos 100 anos (de preferência com a saúde plena) poderá deixar de ser raro e quase inalcançável para se tornar algo “totalmente razoável” nas próximas décadas. A previsão foi feita pelo pesquisador ítalo-americano Valter Longo, gerontólogo e diretor do Instituto de Longevidade da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em entrevista exclusiva ao Estadão no início de novembro, durante sua passagem pelo Brasil, onde esteve para participar de evento promovido pelo Instituto Vencer o Câncer.

O que mais chama a atenção na previsão de Longo, no entanto, é o caminho que ele acredita ser o mais viável para tornar-se um centenário: nada de biohacking ou tratamentos malucos para reverter o envelhecimento das células; alcançar os 100 anos será mais factível para quem seguir recomendações baseadas na ciência em três pilares bem conhecidos do público geral: alimentação, exercício físico e sono.

Considerado um dos maiores estudiosos da relação entre nutrição e envelhecimento, Longo ficou mundialmente conhecido ao publicar o livro A Dieta da Longevidade, no qual promove um plano alimentar baseado majoritariamente em vegetais, grãos integrais, leguminosas e gorduras saudáveis, com pouco peixe e mínima carne vermelha. Seu mais recente livro, Desnutrir o Câncer, Nutrir o Paciente, fala sobre o papel da alimentação – mais especificamente sobre uma estratégia conhecida como dieta que imita o jejum – no combate aos tumores.

Claro que os avanços da medicina terão um papel importante na conquista de uma maior longevidade, já que novos medicamentos e vacinas podem prevenir epidemias e curar doenças potencialmente fatais, mas, para Longo, medicamentos e tratamentos caros, sem a adoção de um estilo de vida saudável, poderão trazer mais anos de vida, mas não necessariamente mais anos com saúde e autonomia.

Na entrevista, o gerontólogo alerta que, embora haja cada vez mais evidências científicas sobre a importância da alimentação, atividade física e sono para a longevidade, poucas pessoas adotam esses hábitos de forma permanente.

“Muitas das coisas que menciono sobre estilo de vida estão começando a haver consenso. A maioria das pessoas diz: ‘Sim, é isso que você deve fazer’, mas ninguém faz. Então acho que, para o grupo que seguir isso, atingir uma média de 100 a 110 anos será algo totalmente razoável. O resto terá sorte se chegar aos 80”, declarou.

Além da alimentação, Longo coloca o exercício físico como segundo pilar fundamental para viver mais e melhor. Mas, ao contrário da lógica da alta performance, ele recomenda procurar algo que seja fácil de aderir. “Escolha algo tão fácil e tão simples que você não possa inventar desculpas (para não fazer)”, diz. Ele próprio segue o conselho: mantém uma bicicleta ergométrica em casa, pedala dia sim, dia não, durante uma hora.

Para o pesquisador, embora a recomendação seja a de adotar um estilo de vida saudável desde a juventude, há ganhos possíveis em qualquer idade. Ele cita um grande estudo internacional que mostrou que adotar uma alimentação saudável aos 20 anos pode render até 13 anos extras de expectativa de vida. Mesmo que a mudança ocorra tardiamente — aos 60 ou até aos 80 — ainda há benefícios relevantes, de três a nove anos.

Na entrevista ao portal Estadão, Longo deu mais detalhes sobre as pesquisas que conduz sobre a ação da dieta que imita o jejum como potencializadora do tratamento oncológico, avaliou a base alimentar do brasileiro (o nossa famoso arroz e feijão) e deu outras orientações sobre como aumentar as chances de vivermos mais anos e com mais saúde. Com informações do portal Estadão.

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