Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de julho de 2025
Embora se passe no Delta do Mississippi, o filme “Pecadores” – sobre irmãos gêmeos que enfrentam um mal sobrenatural por meio da música – foi gravado na Louisiana. O estado, que há anos oferece incentivos fiscais generosos, se consolidou como um dos destinos favoritos de produções de Hollywood. Segundo o diretor Ryan Coogler, os benefícios tornam a Louisiana uma escolha financeiramente estratégica.
A disputa por produções cinematográficas tem levado diversos estados norte-americanos a oferecer incentivos cada vez maiores. Nas últimas duas décadas, pelo menos US$ 25 bilhões foram concedidos em subsídios para a indústria do entretenimento. Diante das dificuldades da Califórnia em manter sua liderança nesse mercado, o estado decidiu mais que dobrar o valor de seu programa anual de créditos tributários, que agora soma US$ 750 milhões.
Apesar das críticas de economistas, que veem os subsídios como parte de uma “corrida para o fundo do poço”, políticos de diferentes estados seguem ampliando os programas. A seguir, veja como cinco estados americanos vêm disputando as produções californianas.
No Texas, os legisladores aprovaram um aumento significativo nos recursos destinados ao setor audiovisual. Por quase 20 anos, o programa ficou limitado a menos de US$ 100 milhões por biênio. Esse valor subiu para US$ 200 milhões em 2023 e, neste ano, um novo projeto elevou os créditos para US$ 300 milhões a cada dois anos, totalizando US$ 1,5 bilhão em uma década. Celebridades como Matthew McConaughey apoiaram a proposta, que foi aprovada sem a assinatura do governador Greg Abbott. Entre as produções filmadas no estado estão “Landman” e partes de “Yellowstone”.
Já Nova York, enfrentando concorrência crescente de estados vizinhos, investiu pesado para manter sua atratividade. Desde 2017, o estado gastou mais de US$ 5,5 bilhões para atrair produções. Em 2023, a governadora Kathy Hochul quase dobrou o teto anual de subsídios, passando de US$ 420 milhões para US$ 700 milhões. No mês passado, adicionou mais US$ 100 milhões voltados a produções independentes. A Motion Picture Association elogiou a medida, afirmando que ela fortalece o papel do estado no setor criativo. Entre os títulos gravados ali estão “Only Murders in the Building” e “Your Friends & Neighbors”.
Nevada, por sua vez, tentou impulsionar seu programa, mas encontrou mais resistência. O estado oferece atualmente US$ 10 milhões anuais em créditos. Um projeto de lei propunha US$ 1,4 bilhão em incentivos ao longo de 15 anos, especialmente voltados a um novo estúdio em Summerlin, em Las Vegas. Apesar de ter sido aprovado pela Assembleia, o texto não foi votado no Senado. A iniciativa contava com apoio de sindicatos e grandes estúdios, como Sony e Warner Bros., e prometia gerar milhares de empregos. “Jason Bourne” e partes de “Anora” foram filmados em Nevada.
Na Geórgia, os incentivos fiscais permanecem praticamente sem limites, o que atrai produções em grande escala. O estado reativou recentemente um crédito específico para pós-produção, válido a partir de janeiro. Assim, mesmo conteúdos filmados fora da Geórgia podem gerar benefícios, desde que a edição ocorra ali. Tentativas de restringir o programa fracassaram, e novas isenções foram criadas para grandes estúdios. De 2015 a 2022, a Geórgia desembolsou mais de US$ 5 bilhões em incentivos, com previsão de mais US$ 2,5 bilhões até 2025. Entre as produções filmadas estão Stranger Things e The Walking Dead.
Por fim, a Louisiana, precursora na oferta de incentivos desde 2002, cogitou encerrar o programa no ano passado, mas optou por mantê-lo com ajustes. O teto de US$ 150 milhões foi reduzido para US$ 125 milhões, e um novo projeto de lei, sancionado este mês, eliminou limites por projeto ou indivíduo. A expectativa é atrair mais séries e filmes de grande porte. Para a deputada estadual Emily Chenevert, a revisão torna o estado mais competitivo. Além de “Pecadores”, “Emancipation” também foi filmado no local.