Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de outubro de 2025
Após o sucesso de “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, e as boas expectativas em torno de “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho, os olhos dos cinéfilos brasileiros se voltam para a próxima temporada de premiações internacionais. Segundo publicações especializadas nos Estados Unidos, o longa estrelado por Wagner Moura desponta como forte candidato em pelo menos cinco categorias do Oscar 2026: melhor filme, melhor filme internacional, melhor ator, melhor direção e melhor roteiro original.
A produção, que narra a história de um jornalista envolvido em uma trama política de espionagem e resistência, tem conquistado a crítica pela combinação entre tensão dramática e comentário social. Exibido nos festivais de Veneza e Toronto, o longa vem sendo apontado como o projeto mais ambicioso da carreira de Mendonça Filho, conhecido por “Bacurau” e “O som ao redor”.
Mas “O agente secreto” não está sozinho na corrida. Outras três produções brasileiras também ganharam força no circuito internacional e aparecem nas apostas dos especialistas.
Com “Apocalipse nos trópicos”, a cineasta Petra Costa pode repetir o feito de “Democracia em vertigem”, indicado ao Oscar em 2020. O novo documentário investiga o impacto da religião na política e na formação da identidade nacional, traçando paralelos entre fé, poder e manipulação. O filme foi ovacionado em festivais de peso, como Veneza, Telluride e Nova York, e tem sido descrito por críticos estrangeiros como “um retrato ousado e poético do Brasil contemporâneo”.
Outro destaque é “Amarela”, de André Hayato Saito, exibido na competição oficial do Festival de Cannes em 2024. O curta-metragem acompanha Erika Oguihara (Melissa Uehara), uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições da família japonesa e sonha em celebrar a vitória do Brasil na final da Copa do Mundo de 1998. Em meio à euforia do futebol, ela enfrenta um episódio de violência que marca sua passagem para a vida adulta. A obra tem sido elogiada pela delicadeza estética e pelo retrato sensível do pertencimento e da identidade multicultural.
Já o documentário “Alice”, de Gabriel Novis, surge como outro possível representante brasileiro na categoria de melhor curta documental. Vencedor do prêmio de melhor curta internacional no Hot Docs, em Toronto, o filme retrata a trajetória de Alice, uma mulher trans de Maceió que enfrenta o preconceito e a marginalização ao buscar espaço como artista, surfista e skatista. O curta percorreu festivais como Guadalajara, Melbourne, Doc NYC e Sheffield, sendo apontado pela crítica como uma das narrativas mais humanas e inspiradoras do ano.
Com produções que transitam entre o realismo político, o drama social e o olhar autoral, o cinema brasileiro vive um momento de rara visibilidade internacional. Caso as previsões se confirmem, o país pode chegar ao Oscar de 2026 com uma das delegações mais expressivas de sua história recente.