Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 6 de maio de 2025
Cirurgião cardiovascular do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, o médico gaúcho Eduardo Keller Saadi aplicou uma técnica sem cortes, inédita no Brasil, para tratar de forma simultânea lesões graves em duas válvulas cardíacas de uma paciente de 54 anos com miocardiopatia. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo e que salva vidas. Ela se recupera bem do procedimento, superando as expectativas da equipe do Hospital Mãe Deus, onde a operação foi realizada.
Como efeito colateral de quimioterapia para curar câncer de mama, a doente teve o coração aumentado, com comprometimento severo de duas das válvulas cardíacas, problema conhecido como “miocardiopatia por toxicidade” e que havia exigido várias internações, sem efeito. O médico então decidiu tratar de ambas as válvulas ao mesmo tempo, com uso de cateter – até então, em todo o País, apenas uma válvula era acessada por vez.
“A técnica menos invasiva para corrigir insuficiência da válvula mitral já é realizada no Brasil há alguns anos, mas esta é a primeira vez que são tratadas, com cateter, sem cortes e concomitantemente, as válvulas mitral e tricúspide de um paciente”, ressalta Saadi, professor de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador, na instituição, do Serviço de Cirurgia Cardiovascular e de Doenças Cardíacas Estruturais.
Com mais de 10 mil cirurgias cardiovasculares realizadas ao longo da carreira, ele acrescenta: “Um cateter é introduzido pela veia femoral e guiado por vídeo até o local lesionado, onde um pequeno clipe é fixado para unir os folhetos da válvula, reduzindo a insuficiência cardíaca. Com uso de dispositivo denonomiado ‘Triclip’, manipulado com a mesma técnica, corrige-se a insuficiência da válvula tricúspide. De uma só vez e definitivamente, a paciente teve os problemas das duas válvulas solucionados, sem cortes ou dor e com recuperação leve”.
Válvulas
As válvulas são estruturas essenciais que controlam o fluxo de sangue no coração. Abrem e fecham-se em ritmo preciso, garantido que o sangue passe das câmaras superiores (átrios) para as inferiores (ventrículos) e, posteriormente, às artérias aorta e pulmonar. Tais estruturas ajudam a manter a pressão e o volume sanguíneo adequados no coração e nos vasos sanguíneos. Quando o sistema não funciona corretamente, é preciso tratamento.
(Marcello Campos)