Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de junho de 2025
O volume de serviços prestados no País cresceu 0,2% em abril ante março, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nessa sexta-feira (13), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho ligeiramente positivo teve a ajuda de feriados prolongados e até dos preparativos para o show da Lady Gaga, ocorrido em 3 de maio no Rio de Janeiro, apontaram técnicos do instituto.
Com o resultado de abril, os serviços acumularam um crescimento de 1,5% nos últimos três meses de altas consecutivas. No geral, a trajetória positiva do setor tem sido sustentada pela atividade de transportes, beneficiada pela nova safra recorde de grãos, pelo segmento de tecnologia da informação e pelos serviços técnico-profissionais, que incluem serviços de delivery e de publicidade em plataformas online, enumerou Luiz Almeida, analista da pesquisa do IBGE.
Entretanto, especificamente na passagem de março para abril, houve disseminação de taxas negativas entre as atividades pesquisadas. O setor de transportes como um todo cresceu 0,5%, enquanto as outras quatro atividades recuaram: outros serviços (-2,3%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,5%), informação e comunicação (-0,2%) e serviços prestados às famílias (-0,1%).
Os dados de abril corroboram o cenário de desaceleração gradual das atividades mais sensíveis ao ciclo econômico, avaliou a XP Investimentos. Ainda que a expectativa seja de uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, o ritmo será “muito mais moderado” do que no primeiro trimestre, segundo o economista Rodolfo Margato, da XP.
O avanço no volume de serviços prestados em abril foi menos intenso do que o registrado nos dois meses anteriores: fevereiro (0,9%) e março (0,4%). Porém, ainda não é possível afirmar que os serviços estejam desacelerando, especialmente por rodarem ainda muito próximos do marco histórico, defendeu Luiz Almeida, do IBGE. Em abril de 2025, o setor de serviços estava em nível apenas 0,2% aquém do pico alcançado em outubro de 2024.
“Não tem como afirmar isso (que os serviços desaceleraram). O setor está muito próximo do marco histórico”, disse Almeida. “Falar de uma desaceleração muito próxima do pico pode ser uma devolução.”
O avanço de 0,2% no volume de serviços prestados no País em abril ante março foi bastante concentrado no bom desempenho dos subsetores de tecnologia da informação e do transporte aéreo.
“O que pode ser dito é que o transporte aéreo foi o segundo maior impacto, atrás apenas dos serviços de tecnologia da informação”, explicou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. “Seguramente, se o aéreo não tivesse crescido, os serviços como um todo não teriam registrado variação positiva.”
O pesquisador lembra que “o grosso da receita” no segmento no mês foi obtido pelo transporte aéreo de passageiros. Houve influência do deflator, uma vez que os preços das tarifas aéreas recuaram em abril, mas também de feriados prolongados registrados no mês e da compra antecipada de passagens para o show da cantora Lady Gaga, realizado no dia 3 de maio na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
“Acredito que possa sim (ter havido impacto do show da Lady Gaga). Mas precisamos ver alguns pontos, precisa ver se isso se mantém no mês que vem (maio). A gente não espera ver impacto direto, porque a própria administradora, a empresa que faz o show, assim como no show da Madonna, não está incluída no universo da pesquisa. Mas a gente espera efeitos indiretos, em alojamento e alimentação”, disse Luiz Almeida, analista do IBGE. “Pode ser que sim, a gente tem que esperar o resultado de maio pra ver se esse efeito se mantém.”
O transporte de passageiros cresceu 1,8% em abril ante março, enquanto o transporte de cargas teve queda de 0,3%. Ou seja, a alta nos serviços em abril foi puxada pelo transporte de passageiros, tanto aéreo quanto rodoviário, e não pelo transporte de cargas.
“Os serviços têm alta muito próxima da estabilidade em abril”, lembrou Almeida. “Apenas uma atividade está acompanhando essa variação positiva do total do Brasil, que é transporte, e todas as outras estão com variação negativa.”
Na comparação com abril do ano anterior, houve elevação de 1,8% nos serviços em abril de 2025. A taxa acumulada no ano – que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior – foi de elevação de 2,2%. A taxa acumulada em 12 meses registrou alta de 2,7%.
“A nosso ver, o mercado de trabalho robusto (com crescimento sustentado do emprego e da renda real), combinado a medidas de estímulo de curto prazo, compensam os efeitos das condições monetárias mais apertadas”, ponderou Margato.
Cálculos da XP baseados em indicadores antecedentes da economia apontam para uma alta de 0,5% no PIB brasileiro do segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre. A corretora mantém a expectativa de um crescimento de 2,5% do PIB em 2025. (Com informações do Estado de S. Paulo)