Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de abril de 2023
Com vacinas, medicamentos e insumos hospitalares próximos de ultrapassar o prazo de validade, o Ministério da Saúde está traçando uma estratégia de distribuição dos materiais para hospitais federais, municípios e outros países. Segundo a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, o objetivo é evitar que os produtos sejam desperdiçados.
Maciel disse, nessa terça-feira (19), que a pasta constatou um alto volume de materiais comprados pelo governo durante a pandemia de covid em uma visita feita ao depósito de estoque em Guarulhos, São Paulo, dia 2 de abril. Parte deles, perto de vencer.
“Verificamos que havia muitos insumos que agora precisam chegar à população. Além das vacinas, temos luvas, seringas e capotes. Instrumentos que, normalmente, não compraríamos para distribuição”, afirmou.
Distribuição
O plano de distribuição está em produção por um grupo de trabalho da pasta, e deve ficar pronto, segundo Maciel, até o começo de maio. O ministério já sinaliza que vacinas contra a covid devem ser enviadas para outros países, e, para isso, iniciou tratativas com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas).
Outras levas de imunizantes contra a febre-amarela e contra a raiva, cuja quantidade extrapola a demanda da população, serão entregues para estados e municípios conforme a necessidade. Já materiais como luvas e seringas serão enviados para hospitais federais.
A ação reduz os desperdícios, mas, ainda assim, parte dos medicamentos devem ser incinerados. O número dos produtos descartados serão divulgados após o término do relatório.
Para a secretária, o desperdício de vacinas é resultado de desarticulação entre os entes públicos e ausência de campanha de vacinação durante a gestão de Jair Bolsonaro.
“Não necessariamente houve erro na aquisição, os erros aconteceram depois disso por falta de articulação de estados e municípios. O desalinhamento que aconteceu nas políticas públicas do governo federal fez causou essa desestruturação. Também não tivemos um planejamento para entregas dessas vacinas, além de uma campanha de desestímulo”, comentou.
Remédios e testes
Já remédios e testes ficaram parados pela descontinuação de programas, segundo Maciel “a desarticulação de programas que eram políticas públicas muito fortes, vou dar o exemplo da política contra a Aids, fez com que houvesse uma diminuição de diagnóstico, de procura por esses medicamentos.”
O Ministério da Saúde deixou, de 2021 a 2023, 38.951.640 doses de vacinas contra a covid em estoque vencerem. O quantitativo representa um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões aos cofres públicos.
Dos 42 tipos de insumos disponibilizados pela pasta no SUS, após os imunizantes de covid, as campeãs de desperdício no período foram as vacinas de BCG (11,8 milhões de doses), dupla viral (10,2 milhões), pentavalente (3,5 milhões), tetra e tríplice viral (2,3 milhões) febre-amarela (365 mil), influenza (329.860) e poliomielite (31.335).
Em março, o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação de suspeita de improbidade e danos ao patrimônio em descarte bilionário de vacinas pelo ministério.