Sábado, 26 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de julho de 2025
O Brasil registrou crescimento de 7,8% nos casos de estelionato em 2024 na comparação com o ano anterior. Ao todo, são quase 2,17 milhões de ocorrências para este tipo de crime, o que equivale a 4 por minuto. Os números são do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em 2023, o total de estelionatos registrados no País foi de 1,96 milhão, 8,2% a mais ante 2022 (1,81 milhão). E o total pode ser maior, uma vez que nem todos os delitos dessa natureza são registrados.
Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma atuar em conjunto com bancos e no aperfeiçoamento de recursos antifraude dos documentos de identidade no combate ao crime. Já a Febraban, a federação dos bancos brasileiros, ressalta que, além do investimento do sistema financeiro de cerca de R$ 5 bilhões em segurança e prevenção de fraudes, possui processos de conscientização da população.
O estudo reforça a tendência vista em anos anteriores, com a crescente preferência dos bandidos por esses golpes, sobretudo os virtuais.
A modalidade oferece menos risco a eles do que o roubo na rua e, muitas vezes, retorno financeiro maior. Além da popularização das redes sociais, o uso massivo do Pix, de aplicativos bancários e de plataformas de apostas (como o Jogo do Tigrinho) estão por trás desse fenômeno.
Especialistas apontam que os avanços tecnológicos podem agravar esse cenário, com o uso de inteligência artificial para forjar biometrias faciais, vozes e burlar softwares antifraude.
O Anuário de Segurança se baseia em informações dadas por governos estaduais, Tesouro Nacional, polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais. A publicação é uma das mais principais referências de estatísticas no setor.
“Há relação direta entre a transformação digital da sociedade e o crescimento dos golpes”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em 2018, eram 426,7 mil estelionatos, um quinto do patamar atual. A escalada se acentuou na pandemia. Quando o comércio fechou e as pessoas ficaram trancadas em casa, os bandidos buscaram alternativas para obter dinheiro. Isso acelerou a migração do roubo (crime patrimonial) para o estelionato virtual.
“Com o advento da inteligência artificial e o deep fake (técnica para criar vídeos ou áudios realistas, mas enganosos), há a possibilidade, inclusive, de uma imagem estar sendo usada e não ser você“, destaca Lima.
Ele cita ainda que a cultura digital precária do brasileiro médio e a falta de foco das polícias civis no combate a golpes desse tipo são outros fatores que favorecem os estelionatos digitais.
Crime organizado
As ações de golpistas virtuais deixaram de ser uma ação de hackers, isolados em quartos. Os crimes se sofisticaram e os ataques se tornaram uma das principais fontes de receita das facções criminosas, sem respeitar limites dos Estados ou países.
“É possível que o volume de dinheiro que circula com golpes virtuais já seja até muito maior do que aquele obtido com a venda da cocaína”, destaca Lima.
O Ministério da Justiça destaca a criação, em 2024, da Aliança Nacional de Combate a Fraudes Bancárias Digitais, fechada com a Febraban, federação das empresas do setor. Entre as ações, estão a capacitação de agentes e o compartilhamento e de dados.
Também ressalta a criação da nova carteira de identidade, que tem QR code e possibilidade de verificação digital de informações.
A Febraban diz que os 2,17 milhões de golpes apontados no anuário referem-se aos vários tipos de estelionato, independente dos canais de aplicação dos golpes. O chamado “estelionato por meio eletrônico” não se refere apenas a app de bancos ou transações financeiras, mas a todas as fraudes eletrônicas previstas no Código Penal. Inclui também as fraudes digitais cometidas por meio de redes sociais, contatos telefônicos, envio de correios eletrônicos ou links fraudulentos via SMS e outros meios análogos.
A entidade diz que os aplicativos bancários possuem robustas estruturas de monitoramento de seus sistemas e utiliza o que há de mais moderno em tecnologia e segurança da informação.
A Febraban ressalta que, além do investimento do sistema financeiro de cerca de R$ 5 bilhões em segurança e prevenção de fraudes, possui processos de conscientização da população, com campanhas realizadas pela federação e seus bancos associados em datas comemorativas. Desde 14 de julho está no ar a campanha “Capricha do Não, que não tem golpe”. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)