Quinta-feira, 15 de maio de 2025

Com hospitais lotados e alta de casos de síndrome respiratória, Porto Alegre deve entrar em situação de emergência

Em meio a um cenário marcado pela alta nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e hospitais lotados, a prefeitura de Porto Alegre deve editar nos próximos dias um decreto de situação de emergência. Trata-se de uma exigência do Ministério da Saúde para obtenção de recursos adicionais para enfrentamento da situação, por meio de medidas como ampliação do número de leitos.

Doenças respiratórias costumam ser mais frequentes entre os gaúchos durante o inverno, exceto em contextos atípicos como a pandemia de coronavírus. A estação mais fria do ano só começa em 20 de junho, mas a alta demanda por internações já ocorre desde a primeira semana deste mês, acionando o alterta da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Na noite dessa quarta-feira (14), o painel sobre SRAG disponibilizado pela SMS aponta um acumulado de quase 600 casos desde janeiro na capital gaúcha. O predomínio é de pacientes idosos e bebês (até 2 anos). Já as causas incluem gripe e covid, embora a maioria seja atribuída a fator não identificado ou está sob investigação.

Entenda o que é

A síndrome respiratória aguda grave  é uma condição em que uma infecção respiratória gera grande dificuldade de respirar e lesões nos alvéolos (sacos de ar nos pulmões onde ocorrem as trocas gasosas). Muitas vezes é acompanhada de pneumonia.

Além da dispneia, são sintomas a sensação de “peso” no peito e lábios arroxeados. Pode trazer febre e perda de apetite. Pode ser resultado de infecção viral como gripe ou covid, bem como consequência de doenças bacterianas ou fúngicas.

No diagnóstico são levados em conta os sintomas e exames de imagem dos pulmões. Outro critério que define essa síndrome é uma baixa saturação de oxigênio no sangue. O principal método preventivo é a vacinação contra doenças que podem levar a esse quadro, como a gripe e a covid. Também deve ser evitado o contato próximo com pessoas com infecções respiratórias.

Já o tratamento inclui suplementação de oxigênio, com diferentes equipamentos, além de fisioterapia respiratória. Outras intervenções dependem da causa, e podem envolver antivirais ou outros fármacos. A duração do quadro é variável. Casos que respondem bem ao tratamento podem se resolver em duas semanas ou menos. Quadros mais graves podem se prolongar e levar ao óbito.

“Operação Inverno”

A Secretaria Municipal de Saúde está ampliando a capacidade de atendimento da rede, com foco em postos, hospitais, vacinação e ações ações voltadas a segmentos vulneráveis da população. Para reforçar o atendimento durante o período de maior demanda, foi autorizada na segunda-feira (12) a contratação temporária de mais 136 profissionais do setor.

Dentre as principais providências se destacam a abertura de unidades de saúde nos fins de semana e feriados, o reforço na imunização contra gripe e covid. Isso inclui procedimentos em domicílios, escolas e abrigos. “O plano é estruturado com base na experiência do inverno de 2024, marcado pelos impactos da enchente, epidemias de dengue e casos de SRAG”, ressalta a prefeitura.

No atendimento hospitalar, a SMS prevê a expansão de 100 leitos extras, sendo 51 para enfermaria adulto (Hospital Vila Nova e Restinga), 10 para UTI pediátrica (Hospital Vila Nova), oito para enfermaria e emergência pediátrica (Hospital Materno Infantil Presidente Vargas) e 31 para enfermaria pediátrica (Hospital Restinga).

Os leitos clínicos para adultos do Hospital Vila Nova (Zona Sul) começam a operar nesta quarta-feira (15). Em paralelo, será criada uma agenda específica para exames de raios-x de tórax, com um incremento de 4 mil procedimentos por mês, a fim de agilizar o diagnóstico de doenças respiratórias.

Outro foco da ofensiva é o reforço nos cuidados relativos à população em situação de rua, com ampliação do horário das equipes dos Consultórios na Rua, vacinação e testagem para tuberculose. A iniciativa engloba o monitoramento em tempo real dos indicadores de internação e exames por meio dos sistemas municipais, bem como a intensificação da busca ativa de pacientes com sintomas respiratórios ou baixa adesão vacinal.

Ao todo, o investimento para a Operação Inverno será de R$ 13,3 milhões, proveniente de verbas municipais e federais. A informação é do titular da SMS, Fernando Ritter.

Dentre os 136 contratados em caráter temporário estão 81 técnicos em enfermagem, 23 enfermeiros e 14 auxiliares de farmácia. Completam a lista farmacêuticos, fisioterapeutas, médicos emergencistas, técnicos em laboratório, biomédico e um técnico em nutrição e dietética.

Ritter acrescenta: “Todas as medidas adotadas refletem o empenho em proteger a população diante de um cenário crítico e desafiador. São ações excepcionais e temporárias para reforçar a capacidade de resposta frente ao aumento das doenças respiratórias e à sobrecarga nos serviços. Estamos mobilizando todos os recursos possíveis, apesar da crise financeira que assola os municípios da Região Metropolitana”.

(Marcello Campos)

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