Segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de agosto de 2025
Após uma semana marcada pela ocupação da Mesa Diretora no plenário da Câmara dos Deputados, parlamentares avaliam que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta dias decisivos para demonstrar que mantém autoridade no comando.
Deputados ouvidos afirmam que já passou da hora de Motta “mostrar liderança na governabilidade” e de articular uma punição exemplar aos envolvidos no episódio.
Na última sexta-feira (8), a Mesa Diretora adiou a decisão sobre suspender deputados que participaram da ação. A opção foi encaminhar representações contra 14 parlamentares à Corregedoria Parlamentar. O presidente aguarda agora o parecer do corregedor, deputado Diego Coronel (PSD-BA), antes de enviar os casos ao Conselho de Ética.
Os processos envolvendo Gilvan da Federal (PL-ES) e André Janones (Avante-MG), que já tiveram mandatos suspensos, seguiram diretamente para o Conselho de Ética por meio de representações elaboradas pela própria Mesa.
Segundo um deputado, a prioridade para Motta é “ter atitude de líder” e mostrar “controle da situação”. Um líder partidário reconhece que o presidente da Câmara saiu “fragilizado” com o episódio, mas afirma que o saldo político dependerá dos próximos passos.
“Os próximos dias serão determinantes para saber se ele continuará nessa posição. Não é o retrato de agora que define o cenário, e sim a sequência. A questão é como será a semana que vem”, disse.
Para parlamentares, um sinal considerado “imprescindível” será a capacidade de Motta de aprovar a pauta que será fechada com os líderes na terça-feira (12), em reunião.
A base governista vê margem para avançar em projetos de interesse do Executivo, já que a mobilização no plenário foi articulada por deputados bolsonaristas. Entre as propostas mencionadas está o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aliados de Motta também fizeram críticas à condução inicial da crise. Eles apontam que o presidente demorou a retornar a Brasília e só esteve na Câmara no dia seguinte à ocupação.
Na terça-feira (7), ele manteve compromissos na Paraíba, mesmo após o início da mobilização no plenário. Parlamentares atribuem a ele a responsabilidade por permitir que a situação chegasse ao ponto de confronto.
“As pessoas voltaram do recesso sem uma pauta definida. Se já houvesse votações programadas e o presidente estivesse presente na Casa, aquela entrada no plenário não teria ocorrido”, avaliou um líder do Centrão.
(Com O Globo)