Sexta-feira, 04 de outubro de 2024

Com medo de catástrofes, norte-americanos estocam refeições com validade de até 30 anos

As chamadas comidas de emergência fazem parte da vida dos norte-americanos há décadas. É comum que as pessoas estoquem água e alimentos para casos de desastres naturais e outras catástrofes em que precisem ficar isoladas por um longo período.

Mas, agora, o conceito viralizou e virou trend (conteúdo que ganha um destaque enorme) nas redes sociais com o nome de “comidas do fim do mundo”. Nos vídeos mais populares, tiktokers mostram como são as refeições e experimentam os pratos, reagindo ao sabor e à textura dos alimentos.

As “comidas do fim do mundo” são alimentos geralmente em pó, vendidos dentro de baldes, que supostamente duram mais de 30 anos sem alteração no sabor ou na qualidade. Os produtos são vendidos pela internet, mas também são fáceis de encontrar em prateleiras de supermercados norte-americanos. São vendidos normalmente na sessão de camping, com preços chegando até aos US$ 100 (cerca de R$ 500), dependendo da quantidade de refeições em cada balde.

A variedade dos kits à venda é grande. Dentro dos baldes, podem vir diversos tipos de refeições para café da manhã, almoço e jantar. Até drinks e sobremesas estão no cardápio. Também existem as versões unitárias, com pratos como strogonoff, lasanha e macarrão. Tem até opção sem glúten, vegetariana, com menos açúcar e menos sódio.

A maioria dessas comidas estão desidratadas ou até mesmo em pó. Para fazer os pratos, a indicação é colocar apenas um pouco de água, sem necessidade de aquecer ou de usar energia elétrica. A brasileira Gabriela Pereira mora na Califórnia há nove anos e já aderiu à cultura das “comidas do fim do mundo”.

Ela contou que viu várias pessoas postando nas redes sociais que estavam comprando esse tipo de comida e resolveu comprar também, além de compartilhar a realidade dela para os seguidores do Brasil. “O americano tem esse instinto de sobrevivência de guardar comida. Quando há boato de qualquer coisa, eles saem comprando tudo”, afirmou.

Hoje, a brasileira e o marido têm seis meses de comida estocada, considerando uma dieta de 2 mil calorias por dia para cada um. Eles pagaram 2,5 mil dólares pelos baldes de refeições.

Além das comidas de emergência e muitas garrafas de água, a brasileira e o marido estocam pasta de dente, kit de primeiros socorros, itens de defesa pessoal, como colete à prova de balas e munição. Tudo fica guardado em um quarto, que é usado como depósito, mas Gabriela disse que tem vontade de ter uma casa com um bunker.

“Para mim, no início era uma loucura. Por eu ser do Brasil, pensava ‘onde fui me meter?’. Por mais que eu ache que eu deva ter essa comida, para mim ainda é um choque de realidade. Não é normal para mim. Apesar de morar aqui, conviver com americanos que fazem isso, não deixa de ser algo que me choca”, disse.

Tem no Brasil?

Por aqui, esse tipo de kit ainda não é vendido nos supermercados. Pela internet, também há dificuldade de encontrar a “comida do fim do mundo”. Existem algumas opções voltadas para quem gosta de aventura e necessita de bagagens otimizadas para evitar pesos excessivos, com porções de comidas liofilizadas (desidratadas).

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