Quinta-feira, 07 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 7 de agosto de 2025
O preço do pó de café, um dos vilões da inflação de alimentos nos últimos tempos, começou a ter um pequeno recuo nas prateleiras dos supermercados em julho. Mas, apesar do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump ao produto brasileiro, o que poderia redirecionar as exportações para o mercado interno, especialistas afirmam que a retração atual de preços se deve à entrada da nova safra do grão no mercado.
Dados Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a safra de café 2025 será de 55,7 milhões de sacas de 60 quilos de grão beneficiado. É 2,7% maior do que a de 2024, que foi fortemente castigada pelo clima durante o desenvolvimento das lavouras, com a maior quebra observada em Minas Gerais, o principal produtor.
A lavoura do café é conhecida pela bienalidade. Isto é, há alternância entre um ano de safra alta e o seguinte, de safra baixa. Neste ano, a bienalidade é de safra baixa. Mesmo assim, segundo a Conab, será a maior safra de baixa bienalidade da série histórica. Em relação à última safra de bienalidade baixa, que foi a de 2023, a safra deste ano será 1,1% maior.
“Muito disso (queda de preços) está relacionado ao movimento de colheita, temos um aumento de oferta no momento”, afirma o pesquisador de café do Centro de Estudos Avançados em economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), Renato Garcia Ribeiro.
O preço do café no atacado já tinha caído em junho (-11,01%), segundo dados do Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e recuou 22,52% em julho.
Os índices de preços ao consumidor já captaram esse movimento. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo — 15 de julho, a prévia da inflação oficial do País, o preço do café recuou 0,36%, mas acumula em 12 meses alta de 76,50% nos últimos 12 meses e de 48,72% no ano.
No Índice de Preços ao Consumidor da Fipe do mês fechado de julho, que mede a variação das cotações na cidade de São Paulo, o preço do café caiu 3,03% e contribuiu para a deflação de 0,48% do grupo alimentação registrada no período.
“Os dados que a gente tem de preços ao consumidor ainda não pegam muito tempo pós-anúncio do tarifaço, teremos mais informações com o IPCA fechado de julho”, pondera Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos.
A tributação do Trump foi anunciada em 9 de julho e o efeito no IPCA-15 de julho é de apenas seis dias. Felipe Sales, economista-chefe do C6 Bank, faz coro com Marcela. “Não conseguimos ver objetivamente o impacto do tarifaço nos preços.
(Com informações do O Estado de S.Paulo)