Terça-feira, 30 de setembro de 2025

Com saída de líderes, negociação diplomática busca as metas reais da COP26

Os primeiros dias da 26ª COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) foram marcados pela presença de líderes e por alguns compromissos já assumidos, inclusive pelo Brasil (redução do desmatamento e de emissões de gases de efeito estufa).

Embora sejam sinalizações positivas (mesmo passíveis de críticas), o que já foi anunciado até aqui é considerado importante, mas não trata ainda das principais expectativas para o encontro.

A hora das discussões técnicas

Com a saída dos líderes, a primeira semana fica totalmente dedicada às mesas de negociação a um nível mais técnico, o que ainda não deve levar a grandes acordos.

“A COP começou, alguns chefes de Estado falaram e, agora, os negociadores sentam nas salinhas para ver as propostas, as concordâncias e as dissidências”, explica Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Apesar disso, Astrini, que está na Escócia, diz que os países mais ricos estão conversando nos bastidores sobre ampliar as ambições ano a ano: criar uma plataforma para que as metas sejam aumentadas a cada conferência climática.

Natalie Unterstell, presidente da Talanoa e membro do Painel de Acreditação do Green Climate Fund, também afirma que, nos próximos dias, a tendência é ver menos anúncios políticos e mais tratativas entre corpos diplomáticos.

“Coisas grandes, como o financiamento, como o crédito de carbono, devem ser acordadas na semana que vem. Estamos em fase de consultas o dia inteiro, as pessoas estão discutindo as vírgulas”, explica Natalie.

Do lado de fora, no final de semana, estão previstos alguns protestos: o movimento Fridays for Future, em que participa a ativista Greta Thunberg, marcou uma passeada para a sexta-feira (05). Já a Marcha pelo Clima, uma grande manifestação que reúne todos as ativistas e movimentos pelo meio ambiente, está prevista para sábado (6).

Unterstell diz que uma novidade implementada pelo Reino Unido são dias temáticos, que acabam mobilizando e reunindo diferentes atores ao redor de assuntos específicos. Nesta quarta-feira (03), foi dia de debater o financiamento e as medidas econômicas necessárias para desenvolver o combate ao aquecimento global. Já nesta quinta-feira, o tema é energia e como acelerar uma transição mais limpa.

“Enquanto isso estão acontecendo negociações superdifíceis e elas serão passadas para os ministros na semana que vem”, explica a especialista.

Vamos limitar em 1,5ºC, mas como?

Ainda no domingo (31), em Roma, os líderes do G20 se reuniram em uma espécie de “aquecimento” para a COP26 na Escócia. O grupo se comprometeu mais uma vez com um velho objetivo que já não foi cumprido anteriormente: limitar o aumento médio da temperatura do planeta em 1,5ºC.

A meta de 1,5ºC foi assinada no Acordo de Paris, em 2015, mas, segundo os climatologistas e os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, precisa urgentemente de medidas mais ambiciosas por parte de todos os países, sobretudo os mais emissores: Estados Unidos, China, Rússia, União Europeia, Índia e Brasil.

O G20, grupo de países que representam 80% da economia do planeta, pediu uma ação “significativa e efetiva”. Os líderes, no entanto, não apresentaram uma data precisa para chegar até a neutralidade de carbono: o texto diz apenas “por volta da metade do século”.

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