Sábado, 11 de outubro de 2025

Com voto dos governistas, CPMI rejeita pedido para quebrar sigilos do ex-chefe de gabinete do presidente do Senado

Com o voto dos parlamentares da base do governo Lula, a CPMI do INSS rejeitou um pedido para quebrar os sigilos fiscal e telemático do advogado Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP). O placar foi de 17 a 13.

Boudens consta como beneficiário de um repasse de R$ 3 milhões da empresa Arpar Participações. Segundo a Polícia Federal, a companhia foi utilizada como “conta de passagem” pelo empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”.

Coordenador da ala governista da comissão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu a derrubada do requerimento, dizendo que a solicitação se trata de uma briga política entre a oposição e o presidente do Senado.

“Querem trazer um debate com o presidente dessa Casa que não é objeto dessa investigação. Resolvam isso no plenário. Daqui a pouco vão trazer um requerimento para saber quem matou a Odete Roitman. O único suspeito que não foi suspeito é o presidente Jair Bolsonaro porque ele não pode sair de casa”, ironizou Pimenta.

Autor do requerimento, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou que a articulação do governo visa “blindar” Alcolumbre.

“Eles não estão querendo investigar desde o início. Estamos vendo esse grupo fazer narrativa e blindagem. É isso que vai acontecer se for rejeitado esse requerimento. Ele (Boudens) é um peixe médio e pertence a um peixe muito grande”, afirmou Jordy, lembrando que o presidente do Senado decretou sigilo sobre as visitas do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, na Casa Legislativa.

A informação sobre o pagamento ao ex-assessor veio à tona em um relatório de inteligência financeira produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPMI. Os chamados Rifs trazem informações sobre movimentações financeiras atípicas e decorrem de alertas feitos pelos bancos e outras instituições.

Boudens não quis se pronunciar. Na época em que recebeu os repasses, entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024, ele ainda aparecia como assessor de Alcolumbre. Desde outubro do ano passado, o advogado ocupa um cargo no Conselho Político do Senado.

Apontado como um dos pivôs do esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o careca do INSS repassou cerca de R$ 50 milhões à Arpar. Em depoimento à CPMI, o lobista explicou que o dinheiro se referia à compra de títulos de dívida da empresa pelo qual recebia juros.

“Referente à Arpar, que é uma empresa que eu comprei debênture (títulos de dívida) s dela. É uma empresa de tecnologia, onde realmente eu estou investindo, porque, conforme disse na minha fala inicial, eu sou um empresário que atua em várias frentes, não só a médio ou curto prazo”, afirmou ele ao colegiado.

Em 2021, Boudens foi envolvido em um suposto esquema de rachadinha no gabinete de Alcolumbre. O caso foi revelado pela revista Veja, segundo a qual pessoas de confiança do parlamentar recolhiam parte do salário de seis assessoras, que ganhavam entre R$ 4 mil e R$ 14 mil reais.

A trama teria funcionado entre janeiro de 2016 e março de 2021. Na época, em resposta à revista, Alcolumbre negou as irregularidades e disse que a contratação de funcionários estava sob responsabilidade do seu chefe de gabinete, cargo então ocupado por Boudens.

O advogado, por sua vez, fechou um acordo de não persecução penal com a Procuradoria-Geral da República no qual admitiu as irregularidades e se comprometeu a devolver o montante total da rachadinha – cerca de R$ 2 milhões.

Além de analisar o requerimento sobre a quebra dos sigilos, a CPI vai ouvir o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza, o Milton Cavalo, durante a sessão de quinta (9).

A associação é suspeita de envolvimento no escândalo de fraudes no INSS e movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão em 6 anos, segundo relatório do Coaf. O Sindnapi tem entre os seus dirigentes o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele não é citado na investigação. (Com informações do jornal O Globo)

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