Por Redação do Jornal O Sul | 4 de outubro de 2025
Com mais de 3 mil câmeras em operação e aproximadamente de 1,2 milhão de placas veiculares analisadas por dia, a integração entre os sistemas de videomonitoramento e de cercamento eletrônico tem ampliado a estratégia de segurança pública em Porto Alegre. A tecnologia contribui diretamente para o aumento da recuperação de veículos furtados ou roubados.
As duas ferramentas são parecidas. Desempenham, no entanto, funções diferentes e que se complementam, com resultados favoráveis à redução dos índices de criminalidade na capital gaúcha.
Mantido pela Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa), o videomonitoramento reúne 2,6 mil câmeras de alta definição, espalhadas por vias principais, parques, cruzamentos estratégicos e áreas de maior vulnerabilidade. A vigilância se dá em tempo real e permite o armazenamento de imagens para investigações.
“O videomonitoramento é nossa capacidade de vigilância ampla”, corrobora o titular da Secretaria Municipal de Segurança (SMSeg), Alexandre Aragon. “Esse recurso permite monitorar o fluxo da cidade, identificar situações de risco em andamento e fornece imagens claras para a Polícia após a ocorrência de um crime.”
Já o cercamento eletrônico funciona como uma barreira ativa contra crimes envolvendo veículos. São 466 câmeras com leitura automática de placas instaladas em entradas e saídas de Porto Alegre, como pontes e rodovias. Os dados são cruzados com bases estaduais e nacionais.
“O cercamento eletrônico é uma solução de baixo custo e alta performance, que integra câmeras, aplicativos e inteligência para combater o crime”, esclarece a presidente da Procempa, Letícia Batistela.
Conforme o secretário Aragon o recurso funciona como uma espécie de “portão virtual”: quando um veículo roubado ou envolvido em um crime passa por um destes pontos, o sistema cruza os dados com bancos de informações das polícias e envia um alerta imediato para as viaturas mais próximas.
Integração e resultados
Conforme a prefeitura, o diferencial está na combinação das ferramentas. Um carro roubado pode ser detectado pelo cercamento eletrônico ao ingressar na cidade e, em seguida, ser acompanhado pelas câmeras urbanas até ser submetido a abordagem policial.
Isso faz com que cerca de 35% das recuperações de veículos roubados em Porto Alegre tenham participação direta da integração dos dois sistemas. Aragon acrescenta:
“Em 2025, conseguimos ampliar a integração. No início do ano, grande parte das recuperações de veículos roubados na cidade teve participação direta do cercamento eletrônico, complementado pelo videomonitoramento”.
Além das câmeras, as autoridades de Porto Alegre têm apostado na colaboração popular. O aplicativo “156+POA” oferece a ferramenta “Detetive Cidadão”, que permite relatar a presença de veículos suspeitos, por meio de fotos e de forma anônima.
“Queremos que o cidadão se sinta parte da cidade e integrado nas ações de combate ao crime. O Detetive Cidadão cumpre esse papel e colabora com o trabalho das autoridades, que terão cada vez mais elementos para identificar e recuperar veículos”, reforça Letícia Batistela, da Procempa.
Análise comportamental
O Centro Integrado de Coordenação de Serviços (Ceic) está testando, ainda, um sistema de análise comportamental inovador e capaz de identificar automaticamente situações suspeitas, por vídeo. A tecnologia permite que, ao se identificar comportamento suspeito, seja gerado um alerta automático com a imagem correspondente projetada diretamente nos painéis de monitoramento.
Tal processo torna a comunicação mais ágil e amplia a capacidade de reação das equipes de segurança e dos agentes municipais. Nesta etapa inicial, os algoritmos estão sendo calibrados para detectar de forma automática situações como indivíduos subindo em postes ou redes de fios, tentativas de assalto, incêndios criminosos em contêineres de lixo, descarte irregular de resíduos, ataques a monumentos e patrimônio público e até mesmo vazamentos de água em vias públicas.
Vinculado à prefeitura, o Ceic é responsável pelo monitoramento em tempo real da cidade. O órgão coordena a atuação conjunta de diferentes secretarias e entidades em situações de incidentes e emergências.
(Marcello Campos)
