Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Comissões Parlamentares de Inquérito abertas no Congresso Nacional são comandadas por parlamentares que apoiam ou já apoiaram Bolsonaro

As quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) instaladas pelo Congresso nos últimos dias terão no comando deputados ainda ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou que participaram da campanha dele nas eleições do ano passado.

A presença de parlamentares com histórico de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência das comissões pode, na prática, influenciar na disputa de narrativas e em um eventual desgaste ao atual governo.

Isso porque cabe ao presidente de uma CPI dar o tom e o ritmo das investigações.

Também é atribuição dele escolher, por exemplo, quais pedidos de quebra de sigilo e de convocação serão votados, além de definir a agenda de depoimentos.

CPMI dos Atos Antidemocráticos

A comissão mista  tem como presidente o deputado Arthur Maia (União-BA), que em 2022 fez campanha a favor de Bolsonaro. Em suas redes sociais, há um vídeo do ato. Ao lado do ex-presidente, ele faz críticas a Lula e ao PT.

Com a derrota de Bolsonaro, Maia voltou às redes sociais para desejar que Lula “faça um bom governo”. “A maioria do povo brasileiro fez sua escolha. Isso é democracia”, escreveu no dia 30 de outubro.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que está “muito tranquilo” com a escolha de Maia.

“Se a gente levasse em conta tantos quantos já estiveram com a base de apoio anterior e que estão conosco, a gente teria dificuldade de compor base porque, a rigor, só temos 133 parlamentares que foram eleitos pela frente que apoiou o presidente Lula. Então, faz parte”, afirmou.

A relatora é a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), aliada de primeira hora do Planalto, principalmente do ministro da Justiça, Flávio Dino.

Além da senadora, outros 16 membros titulares da CPI são de partidos da base governista no Congresso. 10 cadeiras são ocupadas por parlamentares de siglas da oposição ou que se posicionam contra o governo Lula.

O restante — 5 vagas — é dividido por siglas que atuam de forma independente no Parlamento.

Na avaliação do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), o governo não quis inicialmente a CPI mista, mas depois resolveu “invadi-la”, preenchendo a maior parte das vagas com aliados.

CPI do MST

O presidente é o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), apoiador declarado do ex-presidente, e a relatoria de Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente de 2019 a 2021.

Aliada ao governo, deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) discutiu com o ex-ministro.

Na ocasião, ela lembrou que o ex-ministro é investigado pela Polícia Federal por suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa. Ele rebateu e disse que abrirá um processo contra Talíria no Conselho de Ética.

CPI da Manipulação no Futebol

O deputado Julio Arcoverde (PP-PI), que fez campanha para Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado, assumiu a presidência. Já o relator é o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), da base do governo Lula.

CPI das Americanas

O presidente é deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), que foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara. Já o relator é o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), cujo partido integra a base aliada do governo Lula no Congresso.

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