Terça-feira, 28 de outubro de 2025

Como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres justificou à Polícia Federal fala de que “todos vão se f…” com a vitória do PT

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi questionado pela Polícia  Federal (PF), num depoimento prestado em 22 de fevereiro, sobre suas eloquentes falas na reunião em de 5 de julho de 2022, antes das eleições presidenciais, em que incentivou ações de ministros de Jair Bolsonaro a favor da reeleição do ex-presidente.

As declarações daquela época, registradas em vídeo, vieram à tona com a investigação da PF sobre uma tentativa de golpe ao fim do mandato de Bolsonaro. Disse Torres aos pares na ocasião:

“Senhores, todos vamos se foder! (…). Eu já sei como eles (do PT) vão trabalhar no âmbito da Polícia Federal.”

Torres foi cobrado pelos agentes da PF a explicar as declarações, no mês passado. De maneira muito mais polida, minimizou qualquer desconfiança em relação ao trabalho da corporação, responsável por prendê-lo após os atos golpistas de 8 de janeiro (ele estava fora do Brasil enquanto o Distrito Federal, de onde era Secretário de Segurança Pública, agonizava). Dessa vez, disse o ex-ministro:

“Que as afirmações se tratavam de um chamamento para que todos os ministros atuassem dentro de suas pastas para que pudessem contribuir com o processo eleitoral que viria e uma almejada vitória; que a expressão ‘se foder’ significava a perda de todos os avanços que cada um tinha obtido ao longo dos quatro anos de trabalho hercúleo e muita entrega em cada uma de suas pastas (…)”.

Minutas

Em depoimento à PF na investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado, Torres negou ter participado de reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada após o segundo turno das eleições 2022 nas quais foram discutidas minutas golpistas para reverter o resultado das eleições e manter Bolsonaro no poder.

Ele ainda negou ter repassado a minuta golpista encontrada em sua residência pela PF ao então presidente ou mesmo a algum outro integrante do governo, e disse que os documentos do tipo estavam “banalizados” na ocasião.

O relato da PF sobre o depoimento de Torres está entre os tornados públicos pelo ministro do STF Alexandre de Moraes na tarde dessa sexta-feira (15). Segundo o texto, Torres afirmou: “Que reitera que suas idas ao Alvorada eram para despachar temas do Ministério com o então presidente; que afirma categoricamente que, em nenhuma oportunidade no Palácio da Alvorada naquele período (após o segundo turno das eleições), tratou de golpe de estado, abolição do Estado Democrático de Direito, Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Sítio, Estado de Defesa, intervenção militar ou algo do gênero”.

A versão diverge da apresentada à PF pelos ex-comandantes da Força Aérea e do Exército, que afirmaram que Torres teria participado de algumas das reuniões para dar explicações sobre os mecanismos jurídicos que estavam sendo cogitados por Bolsonaro para se manter no poder.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

O general Heleno ficou “atônito” com recusa de ex-chefe da FAB de participar da tentativa de golpe de Estado
Polícia Federal apreendeu dois textos golpistas em investigação; veja o que diz cada um
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play