Domingo, 28 de dezembro de 2025

Como uma cabra fez Brigitte Bardot abandonar o cinema e abraçar o ativismo animal

Morta ao 91 anos, a atriz Brigitte Bardot estava longe das telas desde a década de 1970 e se dedicava desde então ao ativismo pela causa animal.

Em entrevista em maio deste ano, ela disse que, na década de 1970, já não se sentia bem fazendo cinema. “Estava indo ladeira abaixo. Já não havia mais grandes história, bons roteiros, bons diálogos. Também já não havia mais bons diretores”, disse. “Foi assim que tomei a decisão de parar —e, além disso, para salvar uma cabra.”

A gota d’água foi durante as gravações de seu último filme, “A Edificante e Alegre História de Colinot”, de 1973, que se passava na Idade Média e tinha, entre os figurantes, uma senhora com sua cabra.

“Eu ia vê-los sempre que tinha uma folga”, disse Bardot ao Le Monde em 2018.

“Mas um dia a senhora me disse: ‘Espero que o filme esteja pronto até domingo. É a Primeira Comunhão do meu neto; vamos fazer um grande churrasco com a cabra.’ Fiquei horrorizada! E comprei a cabra imediatamente. Levei-a para o meu hotel quatro estrelas; ela dormiu no meu quarto e até na minha cama com meu cachorrinho. Esse foi o ponto de virada. Adeus ao cinema.”

Inicialmente, Bardot criou uma pequena associação, de funcionamento improvisado, mas acabou sufocada pela burocracia administrativa, ela contou ao Le Monde. Segundo a atriz, um amigo a apresentou ao então ministro do Interior, que lhe explicou que uma fundação teria um alcance maior.

O problema era reunir os três milhões de francos necessários, algo que ela não tinha. Bardot decidiu então leiloar tudo o que tinha de valor —joias dadas por Gunter Sachs, móveis de seus pais, sua guitarra, o vestido de noiva do casamento com Roger Vadim e até a primeira Marianne, símbolo nacional da França, feita à sua imagem e semelhança. Em 1988, criou sua fundação.

Em 2001, a Peta, Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, lhe concedeu o prêmio o PETA Humanitarian Award, como reconhecimento por sua luta em defesa dos animais, especialmente contra a caça às focas.

Durante a Copa do Mundo de 2002, ela propôs um boicote a produtos sul-coreanos, como forma de protesto contra o consumo de carne de gatos e cachorros na Coreia do Sul.

Em 2021, foi condenada na França por insultos racistas, após chamar os habitantes da ilha francesa de Reunião, no Oceano Índico, de nativos que “preservaram seus genes selvagens”. Bardot havia enviado uma carta em 2019 ao então delegado do governo da ilha, denunciando a “barbárie dos habitantes de Reunião com os animais”.

“Os nativos mantiveram seus genes selvagens”, escreveu a ativista, que comparou Reunião com “a ilha do diabo”, cuja “população degenerada” ainda está “imbuída” de “tradições bárbaras”.

Embora tenha se desculpado com os habitantes de Reunião, ela justificou suas palavras pelo “destino trágico” dos animais da ilha, um “absurdo”, para Axel Vardin, um dos advogados dos demandantes.

Em 2017, a atriz francesa fez uma crítica contundente ao papa Francisco em uma carta enviada ao pontífice. “Você aborda a miséria humana favorecendo estranhamente a migração muçulmana em detrimento dos cristãos do Oriente Médio, mas mais miserável que o destino destes seres humanos é o dos animais que não se beneficiam de nenhum apoio e são um mundo infinito de dores sem voz”, escreveu.

Em 2015, escreveu uma carta para Choupette, a gata do estilista Karl Lagerfeld, pedindo-lhe para “ronronar no ouvido” de seu mestre para que ele abandonasse o uso de peles em suas coleções. “Minha doce Choupette, conto com você para ronronar no ouvido de papai Karl o desespero que todos os seus irmãozinhos peludos sentem quando ele ‘promove’ seus cadáveres. Eles que, como você, querem apenas viver, são inocentes e são condenados à morte para que suas peles sejam usadas para roupas para desumanos”, escreveu. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)

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