Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de abril de 2025
O filme “Conclave” (2024) gerou o interesse de pessoas ao redor do mundo no processo de seleção de um novo papa.
Ganhadora de um Oscar de melhor roteiro adaptado e inspirada no livro de mesmo nome de Robert Harris, a obra de ficção mistura com habilidade fatos e licenças criativas sobre a eleição papal.
Mas, afinal, o que é real e o que é completa invenção no filme?
O que é real
Procedimento do conclave: Os cardeais realmente se reúnem na Capela Sistina, entregam seus votos em cédulas, e a fumaça (preta ou branca) indica o resultado. O isolamento dos cardeais também é real. O professor de história da Universidade de Maryland, Piotr H. Kosicki, ressaltou apenas ao “New York Times” que todos os rituais no Vaticano são praticados “em italiano ou latim. Ponto”;
Tensões políticas na Igreja: O filme acerta ao mostrar divisões ideológicas entre cardeais, algo comum nas eleições papais, com disputas entre alas conservadoras e progressistas. “Mesmo com pessoas que têm boa vontade e que estão trabalhando pelo melhor da Igreja, pelo bem da Igreja, há desentendimentos. Isso é humano e é normal”, disse o reverendo Thomas Reese à rádio americana NPR;
Clima de segredo e introspecção: A atmosfera de tensão, silêncio e ritualismo condiz com o ambiente real do conclave.
O que é fictício
Participação de um cardeal “in pectore”: No filme, um cardeal secreto aparece no conclave. Na vida real, isso só seria possível se o papa revelasse seu nome antes de morrer – o que não ocorre na trama.
Reviravoltas dramáticas e revelações pessoais: O enredo inclui segredos explosivos, tensões quase cinematográficas entre cardeais e até ameaças físicas – esses elementos são invenções para fins dramáticos.
Liberdade artística na composição dos personagens: A construção dos cardeais no longa é feita com um olhar literário. Cada personagem traz traços acentuados de personalidade que reforçam o conflito da narrativa, mas que não correspondem a figuras reais do Vaticano. Embora alguns arquétipos lembrem religiosos conhecidos, a obra não se baseia em personagens específicos.
Elementos simbólicos e mensagens contemporâneas: O roteiro também se permite inserir discussões sobre temas atuais como corrupção, transparência e modernização da Igreja. Essas questões são tratadas de forma simbólica e ampliam o impacto dramático da história, ainda que nem todas tenham correspondência direta com os debates mais recentes do Vaticano.