Segunda-feira, 19 de maio de 2025

Concursos públicos: governo quer cotas raciais de 30% em provas; metade para mulheres negras

O governo Lula vai propor um aumento de 20% para 30% no percentual de reserva de vagas em concursos públicos da União para candidatos pretos ou pardos.

Conforme a proposta, metade dessa reserva terá de ser ocupada prioritariamente por mulheres negras, no que o Ministério da Igualdade Racial chama de subcota. A medida deverá ser sugerida em projeto de lei que será enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas.

O texto aguarda aval da Casa Civil e é elaborado em conjunto pelas pastas da Igualdade Racial e Gestão e Inovação, além do Ministério da Justiça. A atual lei de cotas para concursos públicos é de 2014 e não prevê o estabelecimento de subcotas.

Em abril, o Grupo de Trabalho instituído por Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, informou que a lei de cotas seria aperfeiçoada. O objetivo da pasta é dar “continuidade às políticas públicas de representatividade de negros e pardos no serviço público”.

A proposta estabelece que a reserva de vagas vale para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da “administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União”.

A diretora de ações afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Anna Venturini, explica que os 20% estabelecidos na lei vigente provocou efeito mais baixo que o esperado, com pouca inserção de negros no serviço público desde então. Ela lembrou que um número pequeno de concursos foi realizado nos últimos anos, impedindo a aplicação efetiva da medida.

“A gente pensou em avançar na questão da abrangência, ampliar o percentual de reserva. Vimos que, nos últimos anos da lei de cotas, não conseguimos implementar na forma como gostaríamos por uma série de fatores. Um deles é que tivemos uma oferta de concursos muito baixa. Tivemos uma oferta de concursos menor do que era esperada quando a lei foi aprovada. Um dos motivos foi o teto de gastos”, explicou.

Venturini afirma que o objetivo é aumentar a representação racial de forma mais acelerada. A quantidade de funcionários pretos ou pardos em cargos da administração direta ou indireta é de apenas 36% hoje, bem abaixo da representação desses grupos na população brasileira, pouco acima de 50%.

A diretora de ações afirmativas recorda que a elevação do percentual de cotas para concursos também influencia diretamente a composição de cargos comissionados, que precisam, necessariamente, ser compostos por servidores concursados.

O próximo concurso público geral do governo deve ter o edital lançado em dezembro deste ano. Mas o próprio Planalto espera uma aprovação do projeto apenas no início do ano que vem.

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