Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de outubro de 2025
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) tentou descontar benefícios de pelo menos 22 pessoas que estavam mortas há mais de três meses. As informações constam em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) elaborado no âmbito dos processos administrativos que analisam as condutas das entidades sob investigação. Alvo das investigações sobre fraudes previdenciárias, a entidade tem cerca de 1,2 milhão de associados.
O levantamento da CGU foi feito cruzando informações enviadas pelas próprias associações com o “arquivo de retorno” da Dataprev. Esse arquivo se refere a uma “resposta” apresentada ao pedido de inclusão de desconto associativo feito pelas entidades.
O resultado foi 22 pedidos de inclusão de descontos para beneficiários que já estavam mortos. Os casos detectados são de 2021 (4), 2023 (7) e 2024 (11). “Verifica-se que a Contag realizou, pelo menos, 22 tentativas de desconto em benefícios de pessoas já falecidas”, diz o documento da CGU.
O caso mais discrepante foi o da tentativa de descontar benefício em outubro de 2021 de uma pessoa falecida em maio de 2017.
A CGU usou o critério de pelo menos 90 dias de espaço entre o óbito e o pedido de desconto para eliminar a ocorrência de as inconsistências serem meros erros cadastrais. Portanto, o número poderia ser ainda maior.
Em nota a entidade, sustentou que houve atraso nos processamentos nos casos de autorizações dadas ainda em vida pelos beneficiados que vieram a falecer.
Arrecadação
Criada nos anos 1960, a Contag é a entidade que mais arrecadou com descontos associativos. Foram aproximadamente R$ 3,4 bilhões entre 2016 e janeiro de 2025. Só em um ano, a entidade movimentou R$ 2 bilhões, como mostra o relatório de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Uma parte das transações da Contag entre maio de 2024 e maio de 2025 foi classificada com “suspeitas de irregularidades podendo caracterizar desvio com fraudes”.
A Contag é um dos alvos da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, e também está na mira da CPI do INSS. Nas duas frentes, há suspeitas de que uma parte dos recursos arrecadados pela entidade tenham sido desviados por meio de serviços de bufê e agência de viagem.
A CPI também apura o porquê de o relatório do Coaf indicar um repasse de R$ 1,5 milhão da Contag para uma esteticista de Santa Catarina “sem relação comercial aparente”. As informações são de O Estado de S. Paulo