Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de maio de 2023
O Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) afastou o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba. Com isso, o magistrado deixará de ser o titular da Operação Lava-Jato no Paraná. A decisão é desta segunda-feira (22).
A decisão atende a uma representação do desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que o filho dele, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com “ameaças”.
Malucelli é pai de um sócio do ex-juiz Sergio Moro e se declarou suspeito para analisar casos que envolvem a Lava-Jato.
De acordo com o Conselho do TRF-4, há indícios de que o Appio tenha feito o telefonema para o filho de Malucelli. O juiz terá 15 dias para apresentar defesa.
Segundo a representação feita por Malucelli, a ligação feita para o filho dele aconteceu de um número bloqueado. A pessoa que fez a chamada se identificou como servidor da área de saúde da Justiça Federal e se apresentou como Fernando Gonçalves Pinheiro.
Apesar disso, segundo a decisão, não existe nenhum servidor com o nome de Fernando Gonçalves Pinheiro na Justiça Federal da 4ª Região.
O relatório do conselho aponta que há “muita semelhança entre a voz do interlocutor da ligação telefônica suspeita e a do juiz federal Eduardo Fernando Appio, tendo então a Presidência do TRF-4 e a Corregedoria Regional noticiado esses fatos à Polícia Federal e solicitado realização de perícia para comparação do interlocutor da ligação suspeita com aquele magistrado federal”.
Aliados de Appio esperam que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reverta a decisão. O ministro Luis Felipe Salomão é o corregedor do órgão.
Identificação eletrônica
Ao programa Estúdio i, da GloboNews, nesta segunda-feira, Appio confirmou que usou a identificação eletrônica alusiva Lula no sistema processual da Justiça. A sigla “LUL22”, segundo ele, era um protesto individual contra a prisão ilegal do então ex-presidente.
“Alguns anos atrás, quando o presidente Lula ainda estava preso, a minha sigla de acesso ao sistema da Justiça Federal era ‘LUL22’. Na época eu trabalhava com matéria previdenciária e esse foi um protesto isolado, individual, contra uma prisão que eu reputava ilegal. E depois, de fato, o STF [Supremo Tribunal Federal] considerou a prisão ilegal”, disse.
Appio afirmou que a senha foi um “protesto isolado e individual”, mas que não se identifica como petista. “Eu acho que o atual presidente Lula é uma figura histórica muito importante para o país. Erros e acertos [de Lula] vão ser julgados pela Justiça”, disse.