Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de setembro de 2025
A conversa entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na última segunda-feira (29), tratou da eleição de 2026 a partir da perspectiva do chefe do Executivo paulista disputar a reeleição, segundo duas fontes com conhecimento das conversas. Segundo elas, o governador contou ao ex-presidente o que tem feito para organizar o Estado e expôs sua visão tanto sobre o cenário local quanto nacional.
Segundo um interlocutor de Tarcísio, ele não cravou a Bolsonaro que só topa disputar a reeleição. No entanto, o desenho do cenário debatido, com ele em São Paulo, foi encarado como um sinal de que o governador prefere tentar ser eleito para comandar o Estado por mais quatro anos.
A avaliação dos aliados é que ele só embarcaria numa candidatura ao Palácio do Planalto se o pedido partir de Bolsonaro. O governador tem dito nos bastidores que jamais pedirá qualquer coisa ao ex-presidente e tem se queixado de que muitas pessoas se arvoram a falar, sem propriedade, sobre qual caminho ele seguirá na eleição de 2026.
Tarcísio chegou à casa de Bolsonaro, em Brasília, por volta das 13h40 e saiu antes das 17h. Ele almoçou com o ex-presidente e os dois também conversaram sobre assuntos pessoais. Na saída, o governador disse aos jornalistas que será candidato à reeleição. Perguntado se tratou do tema com Bolsonaro, respondeu: “Não, isso já está claro. Eu vim fazer uma visita de cortesia”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) elogiou o governador, mas disse que não haverá qualquer decisão sobre quem será o candidato a presidente enquanto não houver clareza sobre o que acontecerá com o projeto de anistia. Ele declarou ainda que vai batalhar até o final para que Bolsonaro esteja nas urnas.
Tanto Flávio como Tarcísio defenderam que a anistia seja ampla e irrestrita e disseram que o texto com mais chances de passar no Congresso, propondo apenas a redução de penas, não satisfaz o grupo político de Bolsonaro.
Mesmo após o encontro, duas lideranças do Centrão disseram que Tarcísio continua no páreo presidencial. Elas afirmam que a candidatura do governador ao Planalto pelo PL e com o apoio de Bolsonaro está encaminhada e a dúvida é quando será anunciada – uma delas manifesta a expectativa de que haverá “fumaça branca” em dezembro.
Esse grupo chegou a aconselhar o governador a fazer gestos para aplacar a insatisfação de Marcos Pereira, presidente do Republicanos, com a possível troca de partido. Há o receio de que o partido, que comanda o Ministério dos Portos e Aeroportos, caminhe para apoiar Lula em 2026 se Tarcísio sair.
Esse grupo nega que o governador esteja desanimado com a perspectiva presidencial. Há quem enxergue uma estratégia de Tarcísio para arrefecer as críticas que sofreu depois da série de gestos que fez ao bolsonarismo nos últimos dois meses, incluindo a declaração de que a primeira coisa que fará se eleito presidente é indultar Bolsonaro e as críticas abertas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes.
Um dos pontos discutidos no encontro de segunda foi a chapa bolsonarista ao Senado. Bolsonaro defende que Eduardo Bolsonaro (PL) ocupe uma das vagas, mas correligionários ponderam que as chances dele concorrer são remotas – o deputado está autoexilado nos Estados Unidos e foi denunciado por coação pela Procuradoria-Geral da República. Uma eventual condenação o enquadraria na Lei da Ficha Limpa e o deixaria inelegível.
As alternativas discutidas são os deputados Marco Feliciano (PL) e Cezinha de Madureira (PSD), além do vice-prefeito de São Paulo, Mello Araújo (PL). A outra vaga ao Senado deve ser do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP). Como mostrou o Estadão, Derrite passou a admitir nos bastidores que pode desistir da candidatura para tentar ser governador na ausência de Tarcísio. (Com informações de O Estado de S. Paulo)