Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de novembro de 2025
A Conferência do Clima (COP30) concluiu na tarde desse sábado (22) a aprovação de acordos negociados ao longo duas semanas em Belém (PA). Após a aprovação, simbolizada pela batida de martelo, a plenária ficou suspensa por cerca de uma hora.
A paralisação ocorreu porque países, entre eles a Colômbia, Panamá, Uruguai e Argentina, questionaram a aprovação de alguns dos itens. Depois das reclamações, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, decidiu suspender a sessão para conversar com as delegações.
Na retomada dos trabalhos, Lago disse que todas as aprovações permaneciam válidas. “Consultamos a secretaria, e a secretaria confirma que as decisões foram ‘marteladas’ e são consideradas adotadas. Lamento profundamente não ter sido informado do pedido das partes para falar”, disse Lago.
A Rússia falou em seguida e adotou um tom duro com as delegações latino-americanas. O representante afirmou, em russo e depois em espanhol, que não entendia as reclamações porque, segundo ele, houve oportunidades de diálogo nas últimas 24 horas. Em uma frase que gerou reação no plenário, disse que os países da região “não devem se comportar como crianças”. Parte da sala aplaudiu a intervenção russa.
Logo depois, a Argentina pediu a palavra e respondeu diretamente às declarações de Moscou. A delegada afirmou que os países latino-americanos não se comportam como crianças e reforçou que tinham o direito de registrar suas preocupações sobre o processo.
Aprovações
Antes, na primeira parte da plenária, sob aplausos dos participantes, os trabalhos avançaram com a aprovação de mais de uma dezena de textos, entre eles o documento “Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima”
O texto do Mutirão não cita os combustíveis fósseis, mas cria estruturas que ampliam a agenda de cooperação, organizam debates e inclui a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035.
Aplausos e vaias
Após as aprovações, diferentes países expressaram apoio ou discordâncias com os conteúdos aprovados, incluindo até mesmo o Vaticano que foi vaiado ao criticar a preocupação com questões de gênero.
O presidente da COP30 também foi aplaudido após afirmar que o mapa do caminho para o fim do uso dos combustíveis fósseis não será abandonado.
“Sei que todos estão cansados, sabemos que muitos de vocês tinham mais ambição para alguns temas e que a sociedade vai exigir mais. Eu prometo que vou tentar não desapontar vocês. Nós precisamos de mapas para que possamos ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa. Eu vou criar dois mapas: um para reverter desmatamento e fazer transição para longe dos fósseis”, anunciou o presidente.
Apesar do compromisso, a decisão de Lago se trata de uma iniciativa exclusiva da presidência que não tinha consenso e não será citada no documento final. Criar um roteiro (mapa do caminho) para o fim do uso dessas fontes de energia virou um dos temas centrais da conferência.
Na sexta-feira (21), a Colômbia anunciou que vai organizar uma conferência internacional sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Ela deve ocorrer em abril de 2026, na cidade de Santa Marta, e será organizada em parceria com a Holanda.
Reações
Durante a aprovação do acordo final da COP30, várias delegações pediram a palavra para registrar posições. A Argentina afirmou que não concorda com a forma como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram incluídos no texto e solicitou que sua objeção constasse oficialmente.
O Chile também registrou sua posição, dizendo que procedimentos previstos não foram seguidos na fase de negociação e pediu que essa observação fosse incluída nos autos.
Já o Panamá declarou estar desapontado com a forma como o texto foi fechado. A delegação disse que não se sentiu ouvida, criticou a falta de transparência e discordou da aprovação do pacote sobre adaptação. Segundo o país, um dos trechos do acordo não traz compromissos financeiros claros, o que, na visão deles, deixa o resultado aquém do necessário.
“Deveria ter sido a COP da adaptação, mas o desfecho está longe”, disse uma delegada da Colômbia durante a adoção do acordo final. Em seguida, o país declarou apoio às intervenções feitas por Panamá e Uruguai, alinhando-se às críticas sobre o processo e sobre o resultado apresentado no trecho de adaptação.
Outro ponto aprovado, mas que gerou reação de muitos países foi o Objetivo Global de Adaptação (GGA).
Países como Panamá, Uruguai e Colômbia disseram que o processo não foi transparente e que os indicadores não vêm acompanhados de compromissos claros de financiamento
Outros países consideraram que o texto não atende as necessidades de países em desenvolvimento.