Terça-feira, 30 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de dezembro de 2025
Com um rombo bilionário, os Correios são a empresa com o maior número de novos processos no Tribunal Superior do Trabalho nos últimos dois anos – cerca de 18 mil ações. A estatal, que busca R$ 8 bilhões para fechar as contas mesmo após pegar R$ 12 bilhões emprestados, pode ter de arcar com mais despesas, a depender das decisões da instância máxima da Justiça trabalhista.
De janeiro a outubro de 2025, a empresa integrou 8,5 mil novos processos trabalhistas no TST, aponta levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. Desse total, 5,6 mil foram apresentados pela própria estatal contra decisões de instâncias inferiores e 2,9 mil foram movidos por trabalhadores contra a empresa. Em 2024, outras 9,3 mil ações na Corte citam os Correios.
“Conforme previsto no plano de reestruturação, os Correios estão aprimorando os controles e critérios relacionados aos passivos judiciais”, respondeu a estatal.
No último dia 22, o TST determinou que os Correios devem pagar indenização por danos morais a um carteiro assaltado em serviço. A Corte rejeitou um recurso da estatal, que alegou não ter culpa da “astúcia” de assaltantes e que o assalto a carteiros era um “fato alheio” à gestão. A empresa disse que vai recorrer.
A decisão da 8.ª Turma foi unânime. O relator foi o ministro Evandro Valadão. Em abril, o pleno definira que o trabalho de entrega de correspondências e mercadorias “envolve risco diferenciado em relação aos trabalhadores em geral”. A empresa disse que não podia criar redoma de segurança contra o mal social da atuação criminosa.
Presidente dos Correios, Emmanoel Rondon disse ontem que a primeira fase do plano de reestruturação da estatal é recuperar o caixa até março de 2026. De acordo com Rondon, sem intervenção, o resultado seria de R$ 23 bilhões de prejuízo no ano que vem.
O plano de recuperação prevê medidas de corte de gastos para equilibrar a situação financeira da estatal. Entre as medidas anunciadas, está o fechamento de mil agências deficitárias, e a demissão de 15 mil funcionários até 2027. Principais medidas:
* Empréstimo de R$ 12 bilhões (R$ 10 bilhões neste ano, e R$ 2 bilhões em 2026);
* Mais R$ 8 bilhões em operação de crédito em 2026;
* Plano de demissão voluntária para 15 mil funcionários com economia de R$ 2,1 bilhões anuais;
* Revisão de planos de saúde, com economia de R$ 700 milhões;
* Fechamento de mil agências deficitárias e redesenho da malhas, com impacto positivo de R$ 2,1 bilhões;
* Novas parcerias e diversificação de atividades (serviços financeiros e seguros), com ganho esperado de R$ 1,7 bilhão;
* Venda e alienação de imóveis e ativos, com receita estimada de R$ 1,5 bilhão;
* Empréstimo de R$ 4,4 bilhões com banco dos Brics para modernização de serviços e tecnologias;
* Contratação de consultoria para rever modelo organizacional e societário.
Mesmo com as medidas, os Correios devem apresentar um déficit de em torno de R$ 9 bilhões em 2025. A tendência é de que haja um prejuízo ainda maior no ano que vem, segundo o presidente da empresa. Os Correios só devem voltar a dar lucro a partir de 2027.
O plano será implementado para reverter 12 trimestres seguidos de prejuízos das empresa. Atualmente, a empresa enfrenta um déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por causa do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos. (Com informações dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo)