Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de julho de 2025
Fruto do estudo de assuntos militares, enfatizando a Primeira Guerra Mundial, o então Capitão de Artilharia Luiz de Araújo Correia Lima desenvolveu a criação de um órgão que formasse oficiais temporários que preencheriam os claros que cada vez mais surgiam nas fileiras do Exército.
Com o passar do tempo, obteve sucesso em criar os “Centros de Preparação de Oficiais da Reserva”. O primeiro foi o do Rio de Janeiro, onde, Correia Lima, foi seu primeiro Comandante, e o segundo, criado em 31 de janeiro de 1928, o de Porto Alegre, tendo como primeiro Comandante o Capitão Salvador César Obino.
Anualmente, cruzam o “Portão das Armas” do CPOR/PA jovens, impetuosos, inexperientes e até meio levados onde convivem, por um importante período de sua juventude.
Na “Academia do Morro“, como é chamado carinhosamente nosso CPOR/PA, encontram uma estrutura capacitada a transformar, com muita dedicação, amizade, energia e firmeza, uma juventude sem muita experiência, sem dúvida, mas com firme noção do dever da cidadania e do entranhado amor à Pátria, em homens aptos a comandar homens.
Aprendem os limites que pode haver nas relações entre homens livres subordinados à sua noção de honra e dever. Aprendem a obedecer e a comandar. No CPOR/PA, vivenciam, na prática, o valor do exemplo e da disciplina e a inestimável valia da camaradagem.
Em 1962, ingressei na OM, nesta época a escolha da Arma era feita indicando na ficha de inscrição 3 Armas em ordem de preferência. Escolhi Artilharia, pois tenho dois primos que são 2º Ten R/2 de Art de 1953 e 1957, respectivamente, trocamos muitas conversas sobre a Artilharia, que na época era a cavalo (o que muito me agradou). O Curso era feito em dois anos e o EB sempre teve a preocupação de não prejudicar a estudo dos jovens, o expediente do Centro era: janeiro e fevereiro dia inteiro, março abril maio e junho aos sábados ou sábados/domingos e julho idem a janeiro/fevereiro, de agosto a dezembro não havia expediente.
Quem fosse aprovado nos exames finais de julho passava para o 2º ano. Os que não conseguiam repetiam o 1º ano. Em agosto, realizava-se a formatura do Aspirantado, onde os Alunos do 2º ano eram declarados Aspirantes a Oficial da Reserva do Exército e após o Estagio de Instrução (obrigatório) eram promovidos a 2º Ten R/2. Eram realizadas 4 “manobras” sendo duas de verão na Praia do Cego em Lami e duas de inverno em São Jerônimo.
Nas da Praia do Ceg, eram utilizados quatro canhões KRUP 75 mm tracionados, cada um, por 3 parelhas de cavalos percheron, desde o CPOR/PA até o Lami, passávamos a noite toda cavalgando, nas de inverno usávamos os Obuses 105 mm tracionados por viaturas e o comboio viajava pela BR-290 não asfaltada (chegávamos em São Jerônimo cobertos de poeira).
Este ano comemora-se 80 anos da ida da Força Expedicionária Brasileira – FEB – para solo estrangeiro para defender um mundo livre.
Cabe salientar que dos 1.539 Oficiais Combatentes Brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial, 433 eram Oficiais R/2, ou seja, quase um terço eram Oficiais R/2 formados nos CPOR’s do Brasil., entre os quais 5 formados no CPOR/PA
Após 62 anos de ter sido declarado Aspirante de Artilharia vejo que: as instalações estão modificadas, os instrutores são outros, os uniformes e equipamentos são diferentes, mas, a chama que ardia e ainda arde dentro de mim e de cada um de meus colegas de Caserna, tenho certeza que nunca se apagará.
* Carlos Augusto Santiago Nobre, 2º Ten R/2 Art 1963, antigo presidente da AOR/2-RS, engenheiro mecânico – UFRGS 1970