Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de maio de 2025
O crédito aumentou com força nos grandes bancos brasileiros no primeiro trimestre, apesar do ciclo de alta dos juros e do cenário global turbulento. No fim de março, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil (BB) tinham juntos um saldo de R$ 4,35 trilhões em empréstimos e financiamentos, uma alta de 11,9% em um ano. Com esse desempenho, a carteira de crédito avançou a um ritmo superior aos 8,6% previstos para 2025 pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O crédito foi importante para o resultado dos bancos no período. Itaú, Bradesco, Santander e BB tiveram lucro líquido combinado de R$ 28,2 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 7,3% em relação ao mesmo período de 2024. A margem financeira cresceu 5,8%, para R$ 87,4 bilhões, e as despesas com provisões contra devedores duvidosos – um sinal do do risco de crédito – subiram 6,3%, para R$ 33,2 bilhões.
O BB, que divulgou balanço na quinta-feira, jogou para baixo ο resultado combinado. Se considerados só os bancos privados, o lucro teria crescido 22,6%. A instituição estatal sofreu um impacto maior na adaptação às regras do padrão contábil IFRS9. Itaú, Bradesco e Santander já trabalhavam mais alinhados com as novas normas e, por isso, foram menos afetados pela mudança adotada pelo Banco Central.
Os principais executivos do setor se mostraram relativamente otimistas para o resto do ano durante teleconferências com analistas e investidores. A expectativa é que a Selic alta, hoje em 14,75% ao ano, deve fazer o crédito desacelerar e a inadimplência subir um pouco. No entanto, isso ainda não começou a aparecer nos números e alguns fatores podem mitigar essa piora. No crédito, um fator que pode atenuar a desaceleração é o novo consignado privado. Segundo os dados mais recentes do Ministério do Trabalho, já foram concedidos R$ 10,1 bilhões na modalidade.
O BNDES também anunciou resultado. Os desembolsos no primeiro trimestre ficaram em R$ 25,2 bilhões, alta de 8% sobre igual período de 2024. O socorro para o Rio Grande do Sul representou 16,3% desse total.
Valor de mercado
Os três maiores bancos privados do País ganharam R$ 43,9 bilhões em valor de mercado após a divulgação dos balanços relativos ao primeiro trimestre. Os avanços refletem resultados que geraram perspectivas mais positivas para Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil, mesmo diante de um segundo semestre em que a desaceleração da economia tende a ficar mais clara.
Os investidores atribuem um valor maior a uma empresa quando consideram que ela deve gerar mais lucros do que o esperado anteriormente. No caso dos três bancos, isso se traduziu em mudanças de recomendação no caso do Bradesco, que bateu a expectativa do mercado no lucro e em diversas linhas de resultado.
Mesmo no caso do Itaú, que negocia a múltiplos mais altos que os dos dois rivais, o mercado enxergou nos números do primeiro trimestre o gatilho de futuras revisões para cima nas previsões de lucro. “A forte geração de lucro do banco, a qualidade dos ativos e o balanço ainda o tornam atrativo em relação aos pares, mesmo com a avaliação ‘premium’”, escreveu Eduardo Rosman, do BTG Pactual, que recomenda a compra das ações.