Segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Criadores de gado do Brasil terão que se adaptar para cumprir acordo de redução de metano

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira (3) que a pecuária brasileira terá que se adaptar para que o país possa cumprir o compromisso, assumido com outros 102 países, de reduzir em 30% a emissão do gás metano até 2030. A promessa foi anunciada na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP26, em Glasgow.

Os principais ministérios que lidam com a questão climática eram contrários ao acordo, mas o governo cedeu à pressão dos Estados Unidos. Em setembro, uma reunião com representantes dos ministérios da Agricultura, Meio Ambiente, Relações Exteriores, Energia e Ciência e Tecnologia foi feita para avaliar se o país deveria juntar-se ou não ao Compromisso Global do Metano. Todos se manifestaram contrários. Os EUA, contudo, pressionaram fortemente o Brasil via Departamento de Estado.

“A questão do metano está ligada aos excrementos da pecuária, principalmente. Nós temos um rebanho bovino enorme. Vai ter que haver uma adaptação, um planejamento para isso”, disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto.

O vice-presidente afirmou, no entanto, que parte dos produtores já adota medidas nesse sentido:

“Temos um prazo para irmos nos adaptando. Grande parte dos produtores já trabalha no sentido de fazer a coleta dos dejetos e consequentemente depois a queima dos mesmos de forma que não contamine a atmosfera.”

O metano é um poderoso gás-estufa, muito mais nocivo do que o CO2. Em 2020, o Brasil emitiu 20,2 milhões de toneladas de metano, sendo 72% da agropecuária, 16% de resíduos e 9% de mudança de uso da terra. O Brasil emite 14,5 milhões de toneladas de metano na agropecuária. Deste volume, 97% vêm de fermentação entérica — o arroto do boi — e manejo de dejetos de animais.

Para Mourão, o acordo é uma “questão de Estado” e faz parte do compromisso brasileiro e de outros países de limitar o aquecimento global:

“O Brasil está empenhado, o governo brasileiro, representando o Estado…É uma questão de Estado isso aí, não é só o nosso governo. Qualquer governo vai ter que encarar esse problema de frente. Está de acordo com a visão de todos os países do mundo no sentido de impedir que a temperatura na Terra suba além do 1,5ºC”, completou, referindo-se ao limite considerado máximo pelos cientistas para que seja evitada uma catástrofe ambiental.

Desempenho de Bolsonaro

Mourão também minimizou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro no G-20, encontro das maiores economias do mundo. O vice considerou o discurso de Bolsonaro na cúpula como “muito bom” e fez pouco caso do número reduzido de reuniões bilaterais.

O presidente brasileiro teve apenas duas reuniões bilaterais: com o presidente italiano, Sergio Mattarella (uma formalidade já que a Itália hospedou o encontro), e com Mathias Cormann, dirigente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“O presidente participou, ele fez um discurso que eu considerei muito bom, no sábado de manhã. Colocando de forma muito clara quais são os nossos objetivos. Essa questão de reuniões bilaterais acho que ali, naquele momento, não foi previsto.”

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