Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de outubro de 2025
Todo ser humano já foi criança um dia. E, nesse ciclo natural da vida — nascimento, existência e morte —, há uma fase mágica que molda o que seremos: a infância. É o momento em que o mundo é descoberto com olhos curiosos, o coração é puro e o tempo parece infinito. O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, é uma pausa necessária para refletir sobre o que estamos fazendo com esse período tão essencial da aventura humana na Terra.
A escolha da data, no Brasil, não foi aleatória. O então presidente Arthur Bernardes, em 1924, instituiu o dia oficial da criança, e, anos depois, o comércio o associou à celebração religiosa de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. Assim, fé, consumo e ternura se misturaram num mesmo feriado que, mais do que dar presentes, deveria nos convidar a pensar sobre o presente — o tempo real que dedicamos às nossas crianças.
Gerar uma vida é uma das experiências mais sublimes do ser humano. E ser pai ou mãe não é apenas biologia, mas amor, presença e exemplo. Muitos, mesmo sem filhos biológicos, adotam e dedicam amor de forma tão intensa que se tornam verdadeiros construtores de almas — porque educar é esculpir o espírito, e não apenas prover o corpo.
A Constituição Federal determina que é dever da família garantir à criança o direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer e à dignidade. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) reforça essas garantias para menores de 12 anos. Mas, fora do texto frio da lei, surge a pergunta: estamos realmente protegendo nossas crianças?
Em países como Dinamarca, Noruega, França e China, há restrições severas ao uso de celulares e redes sociais por menores. O objetivo é preservar a mente ainda em formação de um bombardeio de informações e ilusões digitais.
Enquanto isso, nossas crianças estão trocando o pé de árvore por o pé de Wi-Fi, o campo de futebol pela tela luminosa, o convívio real pelos “likes” virtuais. Estão perdendo o doce direito de brincar, de se sujar, de subir em árvores para colher frutas — de viver o simples.
A infância é um jardim que não se repete. Se colhemos cedo demais as flores da inocência, o perfume da vida adulta perde seu encanto. É preciso deixar que cada
etapa cumpra seu papel, pois o tempo da brincadeira é o alicerce da sabedoria e da felicidade futuras.
E é nesse ponto que entra o conhecimento ancestral, aquele que herdamos não só pelo sangue, mas pelos exemplos que nos formaram. Nossos antepassados nos deixaram virtudes e fraquezas. Conhecer a si mesmo — como ensinava o Oráculo de Delfos — é também compreender essa herança genética e espiritual: aprimorar o que foi bom e corrigir o que não deve se repetir. A genética pode ser implacável, mas a consciência é redentora.
Educar uma criança, portanto, é mais do que ensinar a ler ou escrever. É ensiná-la a pensar e ser feliz. A felicidade não está nos brinquedos caros nem nas telas que distraem, mas na capacidade de se encantar com o mundo — com a natureza, com o outro e consigo mesma. A missão dos pais é cultivar esse olhar, sem pressa, sem substituí-lo por tecnologia ou consumo.
O quarto mandamento da tábua de Moisés nos recorda: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a Terra.” Mas talvez, hoje, o complemento seja: “E pais, honrem seus filhos com amor, tempo e exemplo, para que eles prolonguem a humanidade sobre a Terra.”
A vida é um fio que se estende de geração em geração. Cada criança é uma promessa de eternidade. Cabe a nós, adultos, decidir se o futuro será habitado por seres humanos sensíveis — ou apenas por máquinas que respiram. A resposta está nas pequenas mãos que um dia seguramos e que, no amanhã, segurarão o destino do mundo. A vida é bela. E começa com uma infância bem vivida.
*Alexandre Teixeira G. de Castilhos Rodrigues, Advogado e escritor.
▪ Advogado, pós-graduado em Direito Privado, Especialista em Direito
Consumidor, Direitos Fundamentais UFRGS e Direito Público IDC,
Doutorando com ênfase em Direitos Humanos, UNLZ, Argentina;
▪ Mestre Instalado da Loja Luz e Ordem (GORGS) – CIM nº 16.483;
▪ Super Excelente Mestre e Cavaleiro Templário (York) CI n⁰ 06.339;
▪ Grande Inspetor Geral da Ordem (Grau 33 do REAA) CI n⁰ 09.173;
▪ Membro da Academia Maçônica de Letras RS — 15ª José Bonifácio;
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