Domingo, 09 de novembro de 2025

Crise bancária na Europa e nos Estados Unidos ainda não acabou

A crise que culminou com a falência do First Republic Bank, cujos ativos serão comprados pelo JP Morgan, indica que a crise bancária nos EUA e Europa surgida em março não acabou, pois o sistema tem fragilidades, como concentração muito maior do que a registrada em 2008 quando ocorreu a quebra do Lehman Brothers, disse Jose-Luis Peydró, professor de Finanças do Imperial College London e consultor do Banco Central Europeu (BCE).

Para Peydró, as autoridades públicas nos EUA farão o que for necessário para minimizar a expansão da crise bancária no país perto das eleições presidenciais americanas. Mas a atuação será simétrica: serão socorridas instituições grandes cujos problemas poderiam gerar risco sistêmico, enquanto as pequenas e médias terão de encontrar soluções próprias ou fechar as suas portas.

Na avaliação do acadêmico, várias medidas precisarão ser adotadas pelos órgãos oficiais americanos para evitar que se repita o colapso de instituições financeiras como ocorreu com o SVB, o Signature e, agora, o First Republic.

Peydró é taxativo em afirmar que a crise bancária na Europa e nos EUA não acabou. Assim como ocorreu em 2008, explicou o professor, grandes obstáculos no sistema bancário não são resolvidos tão rápido. “Na grande crise internacional que eclodiu em setembro de 2008 com a falência do Lehman Brothers, as primeiras dificuldades surgiram em agosto de 2007 na Europa. Pode ocorrer uma grande crise no setor financeiro ou não financeiro devido a grandes dívidas de empresas e elevados preços de ativos, como ações de companhias e imóveis”.

Ele ressalta, no entanto, os bancos europeus e norte-americanos estão mais sólidos do que em 2008, mas o sistema é extremamente frágil porque a concentração do setor é muito maior do que há 15 anos. “Os bancos grandes são ainda maiores e o perigo de uma destas imensas instituições quebrar é ainda mais preocupante para gerar risco sistêmico”.

Peydró acrescenta que, depois do que ocorreu em março com o SVB e o Signature, “se a instituição é considerada importante para provocar impactos no sistema, as autoridades nos EUA vão socorrê-la. Mas se o banco é pequeno ou médio ele terá que encontrar uma solução para as suas dificuldades ou poderá fechar. Isto cria uma grande assimetria perante as autoridades para tratar dos problemas de grandes e pequenas instituições”.

Alta de juros

O consultor do Banco Central Europeu espera uma alta de 0,25 porcentual nos juros pelo FED e BCE. “Inclusive porque esta é a ampla expectativa nos mercados financeiros e não é um aumento da taxa muito grande. Ao mesmo tempo, eles não podem adotar aperto quantitativo, pois provocaria retirada de liquidez do sistema, o que estes dois bancos centrais não querem que ocorra no momento. Mas depois do próximo aumento, eu duvido que o Federal Reserve subirá mais os juros”.

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