Domingo, 21 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de dezembro de 2025
Os trabalhos da Cúpula do Mercosul iniciaram em meio à frustração sobre o acordo com a União Europeia. Os países sul-americanos esperavam que a reunião em Foz do Iguaçu (PR) marcasse a assinatura do tratado entre os blocos — o que não vai acontecer.
Acontece que França e Itália pediram o adiamento da votação do acordo no Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado do continente, e barraram o tratado por ora. Sem o aval do colegiado, Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia (espécie de governo da UE), ficou impedida de realizar a assinatura.
O principal impasse é a pressão de agricultores europeus, que protestam contra o acordo e temem que a entrada de produtos sul-americanos no continente vá ferir seus negócios. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, diz que pode convencer o agro e viabilizar a assinatura em janeiro, e o Mercosul aceitou esperar.
Assim, a Cúpula não será marcada pela assinatura ou conclusão de nenhum acordo comercial. O tratado de livre comércio junto aos Emirados Árabes Unidos está por detalhes de ser fechado, segundo diplomatas, mas ainda não haverá anúncio na Cúpula.
No Paraná, a ideia da presidência brasileira no Mercosul é marcar o avanço em série de frentes negociais, para acordos com Emirados, Canadá, Japão, entre outros. Além disso, devem ser estabelecidas e celebradas parcerias nas áreas de segurança, financiamento e energia.
O acordo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia provocou discordância entre os presidentes Lula e Milei. O argentino criticou a demora na assinatura e defendeu mudança no formato do bloco sul-americano.
Venezuela
A pressão cada vez maior dos Estados Unidos na Venezuela colocou Brasil e Argentina em lados opostos na reunião de cúpula do Mercosul.
A reunião marcou a despedida do Brasil da presidência rotativa do Mercosul, depois de seis meses. O presidente Lula passou o comando do bloco para o paraguaio Santiago Peña.
No discurso, Lula não mencionou diretamente o nome dos Estados Unidos ao fazer referência aos recentes movimentos militares americanos no mar do Caribe. E chamou de catástrofe uma possível intervenção armada na Venezuela.
O presidente brasileiro lembrou o conflito entre Argentina e Reino Unido pelas Ilhas Malvinas, em 1982, para dizer que a América do Sul voltou a ser assombrada pela presença militar de uma potência que não pertence à região.
Já o presidente argentino, Javier Milei, discordou da posição do brasileiro. “A Venezuela continua sofrendo de uma crise política, humanitária e social devastadora. A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro amplia uma sombra escura sobre nossa região. Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no nosso continente”, afirmou Milei. “A Argentina saúda a pressão dos EUA e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma abordagem tímida nessa matéria se esgotou.”