Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de outubro de 2025
O encontro da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, com mulheres da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito nessa quarta-feira (1º) em Caruaru, no interior de Pernambuco, é o sétimo aceno dela ao segmento religioso em três meses. Desde julho, Janja compareceu em agendas semelhantes no Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e no Distrito Federal, além de participar de um culto em Nova York e de um podcast sobre o tema.
A ideia é que esse tipo de reunião seja um espaço para as mulheres abordarem temas da sua realidade social e demandas voltadas a políticas públicas. Janja, que é católica, faz intervenções e responde a perguntas.
O esforço da primeira-dama ocorre em meio à tentativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de atrair o eleitorado evangélico, altamente alinhado ao bolsonarismo desde 2018.
Os resultados da pesquisa mais recente de avaliação da gestão, divulgados pela Quaest no mês passado, mostraram que o petista segue mais desaprovado do que aprovado entre evangélicos: 61% e 35%. A diferença de 26 pontos percentuais, porém, é a menor entre os indicadores no ano. No ápice, em julho, a distância chegou a 41 pontos.
Em uma publicação nas redes sociais, Janja descreveu o encontro como “potente” e destacou a “troca de experiências” com as mulheres evangélicas: “Momentos como esse, de escuta e de compartilhamento de vivências, encorajam cada uma de nós para seguir nossos caminhos de cabeça erguida”, escreveu.
A reunião dessa quarta ocorreu quase duas semanas após o mais recente aceno de Lula aos evangélicos. Durante uma entrevista ao podcast “Papo de Crente”, gravado no Palácio da Alvorada, Lula comentou que evita comparecer a cultos durante campanhas eleitorais para não dar uso político aos espaços religiosos.
“Se alguém achar que vou ganhar uma eleição porque vou numa igreja fazer discurso, esqueça de mim, porque não vou fazer. Faço para o religioso onde ele estiver, mas não me faça utilizar uma igreja como palanque, porque eu não vou utilizar”, afirmou.
Janja participou do programa apresentado pelo pastor Marco Davi de Oliveira ao lado do marido. Durante a conversa, ela pontuou que sentiu “necessidade de entender como as políticas públicas do governo do presidente Lula têm chegado às mulheres”, destacando as mulheres periféricas e negras.
A primeira-dama também disse, no podcast, estar passando por um momento de “revelação” ao participar de encontros com mulheres evangélicas e se “sentir confortável nesses ambientes e muito bem acolhida”. Ao final da entrevista, Janja cantou um louvor com uma das apresentadoras do podcast. A canção escolhida foi “Deus Cuida de Mim”, de Kleber Lucas.
Dois dias após a exibição do podcast, Janja participou de em um culto na igreja batista The Abyssinian Baptist Church, no bairro do Harlem, em Nova York. Durante o culto, a primeira dama foi apresentada como “convidada especial” pelo Reverendo e aplaudida pelos fiéis presentes, que também cumprimentaram integrantes da delegação brasileira que a acompanhava nas agendas que envolviam desde a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) até a COP30.
Aproximação recente
O primeiro dos encontros de Janja aconteceu no Rio de Janeiro em julho, na Igreja Batista de São Cristóvão, com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. À época, Janja decidiu buscar uma aproximação com mulheres religiosas, mesmo diante de desgastes vinculados à sua imagem.
Dados da pesquisa Datafolha de junho mostravam que, para 36% dos brasileiros, as ações da primeira-dama mais atrapalhavam que ajudavam o governo, enquanto 14% tinham a percepção oposta: de que as atitudes de Janja mais contribuíam para a gestão do petista.
No mês seguinte, Janja participou de um encontro com evangélicas em Salvador, Manaus e Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal onde nasceu a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Durante a agenda em Manaus, Janja abriu sua fala afirmando que não iria “xingar o marido de ninguém” ali em referência a uma crítica de Michelle. Na semana anterior, a ex-primeira-dama chamou Lula de pinguço e cachaceiro em um evento do PL em Natal.
“Esses diálogos, são diálogos principalmente de paz. A gente quer trazer e quer ouvir palavras de paz. Eu garanto a vocês que não vou xingar o marido de ninguém aqui, que não é esse o meu papel. Meu papel é esse que estou fazendo, que é papel do diálogo, que venho fazendo desde domingo, que vim fazendo semana passada no Nordeste conversando com as mulheres, um diálogo da paz”, afirmou Janja. (Com informações do jornal O Globo)