Sábado, 27 de dezembro de 2025

Decisão “consciente e legítima”: entenda o que levou Bolsonaro a divulgar carta que formaliza Flávio para 2026

Em meio a resistências de aliados e de lideranças do Centrão, o ex-presidente Jair Bolsonaro formalizou, em carta, a indicação do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como seu candidato à Presidência da República em 2026. A mensagem foi lida pelo próprio Flávio na porta do hospital DF Star, em Brasília, pouco antes da cirurgia do pai, na manhã de quinta-feira (25) para corrigir uma hérnia inguinal bilateral. No texto, redigido de próprio punho, Bolsonaro diz que a decisão por Flávio é “consciente e legítima”.

A leitura da carta antecipou a chancela do ex-presidente pelo filho, em um momento em que Flávio busca driblar obstáculos e se firmar como candidato. Diante do hospital, Flávio afirmou que a carta “retira qualquer sombra de dúvida” sobre sua pré-candidatura à Presidência em 2026 e cobrou unidade da direita em torno de seu nome.

“Como muitas pessoas dizem que não ouviram da boca dele, acho que isso aqui retira qualquer sombra de dúvida. Para mim não muda nada, mas para quem ainda não estava acreditando pode ser que mude”, disse o senador, completando que seu objetivo é “evitar que o PT destrua o País”.

Prioridades

Na carta, Bolsonaro diz que a escolha por Flávio representa a continuidade de seu projeto político. O ex-presidente também afirmou ter indicado o filho por conta do que classificou como um “cenário de injustiça”, em referência velada à sua condenação a 27 anos de prisão no processo da tentativa de golpe, sentença que o impede de disputar eleições por todo esse período.

“Entrego o que há de mais importante na vida de um pai: o próprio filho para a missão de resgatar o nosso Brasil. Trata-se de uma decisão consciente, legítima e amparada no desejo de preservar a representação daqueles que confiaram em mim”, diz a carta assinada pelo ex-presidente.

Após a leitura do texto, além de cobrar união de aliados em torno de sua candidatura, Flávio citou um dos irmãos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, e a madrasta, Michelle. O senador afirmou que os três estão “em primeiro lugar, imbuídos na saúde” do ex-presidente, para “depois dar continuidade” a pretensões eleitorais.

Flávio tenta contornar resistências à sua pré-candidatura, embora pesquisas mais recentes, que o mostram à frente de outros nomes cotados da direita, lhe tenham dado fôlego. Antes da cirurgia, havia a expectativa de que Bolsonaro aproveitasse uma entrevista ao portal Metrópoles, marcada para terça-feira (23), para anunciar o filho como seu sucessor. A entrevista, porém, foi cancelada pouco antes do horário marcado, porque o ex-presidente alegou questões de saúde.

Caso a carta de Bolsonaro, com o anúncio do apoio a Flávio, não tivesse sido lida ontem, havia a possibilidade de que o senador entrasse em 2026 ainda sem uma sinalização pública do pai de endosso à sua pré-candidatura. Até então, a única manifestação sobre o lançamento de Flávio como presidenciável havia sido feita pelo próprio senador, no início de dezembro, quando disse ter sido autorizado pelo pai a fazer o anúncio.

Desde então, o senador vinha recebendo críticas de lideranças da direita próximas ao pai, como o pastor Silas Malafaia, e de presidentes de siglas do Centrão. Malafaia chegou a declarar que Flávio não tinha “musculatura política” para uma corrida eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concorrerá à reeleição. O pastor defendia uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e com a ex-primeira-dama Michelle de vice. Já o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou que, apesar da proximidade com o filho do ex-presidente, política “não se faz só com amizade”, mas sim “com pesquisas, viabilidade e ouvindo os partidos aliados”.

A escolha por Flávio também gerou resistências dentro da família Bolsonaro, em especial de Michelle. A ex-primeira-dama, que acalentou a possibilidade de ser lançada candidata à Presidência, publicou um pedido de oração para o marido antes da cirurgia. Ela permaneceu no hospital após o procedimento, acompanhando o ex-presidente no quarto. (Com informações do jornal O Globo)

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Carta de Bolsonaro sobre candidatura de Flávio irrita aliados do ex-presidente
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