Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de novembro de 2023
Desaparecido desde o dia 7 de outubro, o brasileiro-israelense Michel Nisenbaum chegou a ser apontado como um dos sequestrados pelo Hamas durante o ataque que foi o estopim para a guerra entre Israel e o grupo. Mas, após 52 dias, a família vive a angústia de não saber se ele é mesmo um dos reféns ou se foi morto naquele dia, relata a irmã de Michel, Mary Shohat.
“O notebook dele foi localizado em Gaza, por geolocalização, por isso as autoridades israelenses acham que ele também está lá. Mas não temos 100% de certeza que ele está sequestrado. Dizer para a gente que o notebook está na Faixa de Gaza não significa que ele esteja na Faixa de Gaza também — diz Shohat, que trabalha como enfermeira em Israel, em uma cidade a 50 quilômetros de Gaza.
O último contato que a família teve com Michel, de 59 anos, foi na manhã do dia 7 de outubro. O brasileiro-israelense havia saído para buscar a neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re’im, sul do país, onde ela estava com o pai, soldado do Exército israelense.
Naquele dia, combatentes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel por volta das 6h30. Mary conta que a filha de Michel falou com ele por volta das 7h. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:
“Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram “Hamas, Hamas”. Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade.
Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.
Questionadoa respeito de informações sobre o brasileiro, o Itamaraty diz que acompanha o caso, mas não irá comentar.
liberação de reféns
Além do notebook que foi localizado em Gaza, as forças israelenses conseguiram encontrar o carro de Michel incinerado, há cerca de duas semanas. No contato mais recente com a família, representantes do governo comunicaram que encontraram também o celular dele, que seria averiguado.
“Eles dizem que por enquanto não têm nada [de informação adicional] e que precisamos aguardar com paciência”, conta Mary, sobre o contato que tem com as forças de Israel responsáveis pela busca de desaparecidos e de reféns.
13 israelenses foram entregues à Cruz Vermelha, ainda em Gaza, e cruzaram a fronteira com o Egito
Israel estima que cerca de 240 israelenses, estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade estejam sob poder do Hamas. Desde semana passada, negociações entre Israel-Hamas têm levado a liberação dos sequestrados, em grupos. A expectativa é que 50 reféns sejam soltos. Em troca, 150 palestinos detidos por Israel vão ser liberados.
A esperança da família de Michel é que os libertados possam dar pistas se ele está entre os que permanecem em cativeiro. Mary diz que, por um lado, fica contente em ver a liberação dos raptados. Por outro, afirma ser “muito doloroso” não vê-lo entre eles.
Com duas filhas e quatro netos — e o quinto previsto para nascer no próximo ano —, Michel vive há mais de 45 anos em Israel. Ele trabalha com computação e tinha começado há pouco tempo a atuar como guia turístico. Aos netos, a família diz que o avô está em um lugar perigoso e não pode falar. Mas que tem “muita gente boa procurando por ele, para trazê-lo de volta”, conta Mary.