Terça-feira, 01 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de novembro de 2021
Não é nenhuma surpresa que quando uma pessoa recebe um diagnóstico de uma doença no coração, um câncer, ou alguma outra condição médica limitadora ou potencialmente fatal, ela fique ansiosa ou deprimida. Mas o contrário também pode acontecer: ansiedade ou depressão excessivas podem desencadear o desenvolvimento de uma doença física séria, e até mesmo impedir a capacidade de resistir ou se recuperar de um problema de saúde. As potenciais consequências são particularmente oportunas no momento, já que o estresse contínuo e as interrupções da pandemia continuam a afetar a saúde mental.
O organismo humano não reconhece a separação artificial da prática médica entre doenças mentais e físicas. Na verdade, mente e corpo formam uma via de mão dupla. O que acontece dentro da cabeça de uma pessoa pode ter efeitos prejudiciais por todo o corpo, assim como o inverso. Uma doença mental não tratada pode aumentar significativamente o risco de adoecimento físico, e distúrbios físicos podem resultar em comportamentos que deixam as condições mentais piores.
Em estudos que acompanharam a evolução de pacientes com câncer de mama, por exemplo, o médico David Spiegel e seus colegas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostraram há décadas que mulheres cuja depressão estava diminuindo viviam mais do que aquelas cuja depressão estava piorando. A pesquisa e outros estudos mostraram claramente que “o cérebro é ligado intimamente ao corpo e o corpo ao cérebro”, disse Spiegel em uma entrevista: “O corpo tende a reagir ao estresse mental como se fosse um estresse físico”.
Apesar dessas evidências, afirmam ele e outros especialistas, o sofrimento emocional crônico é muitas vezes esquecido pelos médicos. Normalmente, um médico prescreve um tratamento para adoecimentos físicos, como doenças cardíacas ou diabetes, apenas para se perguntar por que alguns pacientes pioraram em vez de melhorarem.
Muitas pessoas são relutantes a procurar tratamento para doenças emocionais. Algumas com ansiedade ou depressão podem sentir medo de serem estigmatizadas, mesmo se elas reconhecerem que têm problemas psicológicos sérios. Muitas tentam tratar elas mesmas seus desconfortos emocionais adotando comportamentos como beber excessivamente ou abusar do uso de drogas, o que somente piora a doença pré-existente.
E, às vezes, a família e os amigos reforçam sem querer a negação de uma pessoa a reconhecer o seu sofrimento mental dizendo que “é assim que ela é” e não fazendo nada para encorajá-los a procurar ajuda profissional.