Sexta-feira, 01 de agosto de 2025

Deputado que entregou endereço de Zambelli a autoridades italianas também pediu, em 2023, para que o governo impedisse concessão de cidadania italiana a Bolsonaro

O deputado italiano Angelo Bonelli informou na última terça (29) que comunicou as autoridades italianas sobre o endereço de Carla Zambelli (PL-SP), presa pela Interpol em Roma. O parlamentar, filiado ao Partido Verde Europeu, já havia apresentado um pedido para que o governo italiano impedisse a concessão de refúgio à brasileira. Em 2023, ele também foi contra a concessão da cidadania italiana ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em um dos documentos protocolados, Bonelli detalhou os crimes atribuídos à deputada brasileira, que incluem a “propagação de notícias falsas”, a “invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça — com o objetivo de inserir documentos falsos, entre os quais um mandado de prisão contra o juiz da Suprema Corte”, em referência ao caso que envolve Alexandre de Moraes”. Ele também mencionou o caso da “perseguição armada”, episódio em que ela sacou uma arma de fogo e apontou para um homem no meio da rua nos Jardins, área nobre de São Paulo.

No texto, Bonelli também fez referência ao tratado de cooperação entre Brasil e Itália, que estabelece os procedimentos para a extradição de pessoas entre os países.

“Quais medidas urgentes pretendem adotar, cada um no âmbito de suas competências, para garantir o cumprimento das disposições, no caso de Carla Zambelli, previstas na Lei nº 144/1991, que rege os procedimentos de extradição entre Itália e Brasil, colaborando desde já com a Interpol”, questiona o deputado aos ministros.

O parlamentar ainda sugere uma alteração na lei italiana, para serem revogadas a cidadania daqueles condenados por crimes de golpe ou tentativa de golpe, crimes contra a humanidade, incitação à subversão violenta da ordem econômica ou social do Estado, ou à supressão violenta da ordem política e jurídica do Estado.

Em janeiro de 2023, Bonelli pediu, durante sessão na Câmara, para que o governo do país não concedesse cidadania ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Há rumores da imprensa brasileira de que o Jair Bolsonaro, que está atualmente na Flórida, solicitou cidadania italiana. Você sabia que os filhos de Bolsonaro também solicitaram cidadania? Isso seria um grande problema para a república italiana porque, diante dos acontecimentos, não pode haver incerteza de não dar a cidadania italiana à família Bolsonaro, sobre quem tramitam processos judiciais na Justiça brasileira”, disse o parlamentar à época.

Em sua fala na Casa Legislativa compartilhada nas redes sociais, Bonelli fez referência ainda aos atos terroristas que vandalizaram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em 8 de janeiro daquele ano, em Brasília:

“O governo italiano deve ser claro. Sem cidadania para os filhos de Bolsonaro e para o ex-presidente. Sem cidadania para os golpistas.”

Em maio, a deputada foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a 10 anos de prisão por seu envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela chegou a ter o seu passaporte retido em 2023, mas o documento já havia sido devolvido a ela — que não tinha restrições para deixar o País.

A condenação diz respeito à acusação de falsidade ideológica e à invasão do sistema eletrônico do CNJ. Por determinação da Corte, ela também foi condenada à perda do mandato na Câmara e deverá se tornar inelegível, como consequência da Lei da Ficha Limpa.

Durante o julgamento do caso, o relator, Moraes, apontou que o hacker Walter Delgatti, a mando de Zambelli, inseriu pelo menos 16 documentos falsos no CNJ. De acordo com o magistrado, uma das provas consistia em um arquivo acessado pela deputada segundos depois de ter sido criado por Delgatti em seu computador. (Com informações do jornal O Globo)

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