Sábado, 13 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de setembro de 2025
O deputado Kim Kataguiri (União-SP) apresentou um requerimento para que o senador Weverton Rocha (PDT-MA) seja convocado a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O pedido foi apresentado um dia antes da prisão de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado pela Polícia Federal de ser um dos principais articuladores do esquema desmantelado pela Operação Sem Desconto. Segundo os investigadores, o grupo usava entidades de fachada e sindicatos fantasmas para promover descontos indevidos, em um esquema que gerou prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
No documento protocolado, Kataguiri afirma que as investigações da CPI revelam não apenas a ação de organizações fraudulentas, mas também a existência de possíveis vínculos políticos que teriam garantido sobrevida e até proteção ao esquema.
O senador chamou o requerimento de Kim de uma tentativa de se criar narrativas e disse não acreditar que o documento será pautado.
— Rechaço a tentativa dele de criar narrativas envolvendo meu nome— disse o senador lembrando que ele entrou com uma ação no Supremo contra o deputado por difamação.
Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, era uma figura conhecida nos círculos políticos de Brasília. Um dos parlamentares com quem teve contato foi o senador Weverton, aliado do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi. Os dois se reuniram no Senado e estiveram juntos na casa do parlamentar em Brasília durante um “costelão” (churrasco de costela).
Os encontros foram confirmados por pessoas próximas ao senador e pela própria assessoria do parlamentar. “Conheci Antônio Carlos Camilo Antunes em um costelão na minha casa, para a qual ele foi levado por um convidado. Na ocasião, ele se apresentou como empresário do setor farmacêutico”, disse Weverton em nota enviada.
Weverton contou que recebeu o Careca do INSS em seu gabinete no Senado ao menos três vezes “para tratar da pauta legislativa de legalização da importação de produtos à base de cannabis para fins medicinais”.O parlamentar do PDT, que não é investigado, é um dos vice-líderes do governo no Senado. Procurado para comentar sobre o pedido de convocação, ele ainda não retornou.
O deputado argumenta que a presença do senador na comissão é necessária para esclarecer os contatos que manteve com Antunes e outros dirigentes investigados. No texto, ele lembra ainda que o atual secretário-executivo do Ministério da Previdência foi chefe de gabinete de Weverton.
No requerimento, Kataguiri ressalta que a convocação não deve ser vista como ato de perseguição, mas como oportunidade para que o senador apresente sua versão “sob compromisso legal” perante a comissão. “Assim, a convocação se mostra medida necessária para o pleno esclarecimento da dimensão política do maior esquema de fraudes contra aposentados já identificado no país”, escreveu.
Para que a convocação aconteça, o requerimento do deputado precisa ser pautado pelo presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e aprovado pela maioria do colegiado.
O escândalo do INSS teve um novo capítulo nesta sexta-feira com a prisão de Antunes. A ação, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é um desdobramento da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo o GLOBO apurou, investigadores identificaram risco de fuga e indícios de ocultação patrimonial.
As investigações revelaram que os envolvidos praticaram “os crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além da possível obstrução da investigação por parte de alguns investigados.” Ao todo, segundo a PF, “estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados de São Paulo e no Distrito Federal”.
Após ser preso, Antunes foi levado para a Superintendência da PF em Brasília. De acordo com a investigação, ele teria movimentado R$ 9,3 milhões em repasses destinados a pessoas ligadas a servidores do INSS, entre 2023 e 2024. Procurada, a defesa do empresário não se manifestou até o momento. Com informações do portal O Globo.