Terça-feira, 29 de abril de 2025

Deputado quer liberar caça de animais silvestres no Mato Grosso

Rodeado de críticas, um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) quer liberar a caça esportiva de animais silvestres no estado, inclusive na região do Pantanal. O autor da proposta, o deputado Gilberto Cattani (PL), que também é pecuarista, afirma que os jacarés e porcos-do-mato “viraram uma praga” e defende a criação de fazendas específicas para a caça como medida mais viável para proteger o meio ambiente.

Ele argumenta que os peixes estão acabando no Pantanal por causa do aumento de jacarés e que se a caça esportiva for permitida, os fazendeiros não vão mais ter que matar animais silvestres e agir na ilegalidade. A legislação atual estabelece multa de R$ 500 para cada animal abatido no Pantanal.

O projeto de lei nº 16/2022 permite a “perseguição, apanha e abate dos animais”, embora não diga quais poderão ser caçados. A definição das espécies será decidida pelo governo do estado, na regulamentação da lei.

Atualmente apenas a caça de Javali é permitida no Brasil. Porém, um dos problemas gerados na caça foi a do aumento do número de locais com a presença do animal, que é invasor, e não sua eliminação, como se previa. Para especialistas, grupos de caçadores começaram a reintroduzir a espécie em locais como desculpa para obter a autorização para o armamento e caça.

Votação adiada

O texto já tinha recebido parecer favorável da Comissão de Agropecuária da Assembleia. Mas os deputados criticaram. Lúdio Cabral (PT) disse que a medida impacta o meio ambiente e que não fazia sentido ser analisada por essa outra comissão. A proposta então foi retirada da pauta na última semana e encaminhada para a Comissão de Meio Ambiente.

– O projeto é inconstitucional, é ilegal, é absurdo. Não faz o menor sentido Mato Grosso que tem como identidade a onça-pintada, o patrimônio natural, liberar a caça de animais silvestres, principalmente com os argumentos utilizados. É uma ‘cara de pau’ sem tamanho dizer que quer preservar os habitats naturais – criticou o parlamentar.

O envio da mensagem à Comissão de Meio Ambiente contrariou o autor da proposta. De acordo com ele, o texto já deveria ter entrado na pauta de votação nesta semana.

Se a proposta for aprovada, o Poder Executivo poderá autorizar a caça em determinados locais e “preservar a mata e a biodiversidade”, argumenta o autor do projeto.

– Isso é interagir o homem e a natureza e é muito lucrativo que uma lavoura de soja. Isso é possível. Essa lei beneficia a fauna e a preservação – disse Cattani.

Inconstitucionalidade

Para a deputada Janaína Riva (MDB), a ideia é um retrocesso, além de ser inconstitucional.

– Vai contra uma lei federal, que é a Lei da Caça, que diz que não é permitida a caça de animais, com exceção do javali por ser de origem africana e um grande predador e devastador de propriedades. Esse é um caso específico. Não dá pra gente autorizar que saia se caçando por aí – afirmou Janaína.

Conforme o projeto, a caça esportiva tem os seguintes objetivos: o fomento do espírito associativista para a prática do esporte; aumento da interação homem e natureza; controle populacional de espécies consideradas ameaças ao meio ambiente, agricultura ou saúde pública; incentivo à conservação e manutenção de habitats e conservação de espécies ameaçadas de extinção.

Cattani justifica ainda que a caça existe desde a época do Brasil Colônia e cita vários países que, segundo ele, tem a prática regulamentada e que são beneficiados com isso, como os Estados Unidos, Austrália, Alemanha, França e Argentina.

– Proibir a caça em nada resolve os problemas ocasionados pela caça ilegal e ainda retira a possibilidade de se ter uma atividade rentável para o estado, feita por caçadores legalmente licenciados que, em último nível, também serão ferramentas importantes no combate à caça ilegal e ao tráfico de animais silvestres – afirma.

Após o parecer da Comissão de Meio Ambiente, o projeto volta ao plenário para ser votado.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Senado aprova projeto de lei que cria programa de acompanhamento de câncer de mama
No tênis, Bia Haddad vence Pliskova e está na final do WTA de Toronto
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play