Sábado, 27 de julho de 2024

Deputados e senadores governistas planejam solicitar a quebra de sigilo bancário e telemático de Bolsonaro

Com o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro definido para a próxima terça-feira, os parlamentares que integram a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso já discutem os nomes que pretendem convocar. Deputados e senadores governistas planejam solicitar a quebra de sigilo bancário e telemático do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para identificar se ele atuou diretamente na organização dos atos.

O tema foi tratado numa reunião preparatória do grupo aliado de Lula, na última quarta-feira. No encontro, foi discutida a possibilidade de convocar nomes do núcleo duro do bolsonarismo, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o general Walter Braga Netto, que concorreu ao cargo de vicepresidente na chapa com Bolsonaro nas eleições de 2022.

Já na ofensiva montada no Congresso, os parlamentares alinhados ao Planalto querem convocar pessoas do círculo pessoal de Bolsonaro e que atualmente figuram como investigados em processos na Justiça – como o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, preso por envolvimento no esquema de fraudes de cartões de vacinação da família Bolsonaro. Outros nomes levantados pelo grupo são os de Ailton Barros, que chegou a arquitetar um golpe em conversas com Cid, e do ex-ministro Anderson Torres.

Os governistas ainda discutiram a convocação de Alan Diego dos Santos, que foi condenado na semana passada pela tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília para impedir a posse de Lula no início deste ano. O criminoso era apoiador de Bolsonaro e arquitetou o plano no acampamento golpista montado em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal, após a derrota do ex-presidente nas eleições do ano passado. O “timing” de cada convocação ainda é negociado pelos deputados e senadores.

Um dos parlamentares que vão integrar a tropa de choque do governo na CPI afirmou que o nome do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, também foi citado. O militar chegou a ser convocado para depor na CPI dos Atos Golpistas instalada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas a convocação acabou convertida em convite e Heleno se recusou a comparecer. Agora, aliados de Lula pretendem obrigá-lo a ir ao Congresso. Eles o classificam como a “figura que está no centro da bagunça” de 8 de janeiro.

Autointitulado “bloco democrático”, o grupo que reúne parlamentares de PT, PSOL, PCdoB, MDB, PDT, PSB, PSD e União Brasil quer que o relatório da CPI Mista seja tratado como a documentação da “tentativa de golpe” ocorrida no País. Para aprovar essa bateria de convocações, os aliados mais próximos de Lula terão de convencer agora os nomes do Centrão que compõem a base governista.

Uma nova reunião do grupo deve ocorrer entre segunda e terça da próxima semana, antes da instalação da comissão para bater o martelo sobre a linha de atuação nas primeiras sessões e os cargos a serem ocupados na mesa diretora. O cargo de relator ainda está em disputa, com chances maiores de ser entregue aos senadores Eduardo Braga (MDB-AM) ou Renan Calheiros (MDB-AL).

Já a presidência é dada como do deputado Arthur Maia (União Brasil-BA). Segundo um parlamentar petista, embora Maia não seja alinhado ao governo, tem dito em conversas reservadas que vai conduzir os trabalhos da CPMI de maneira firme de modo a garantir que se identifiquem os mentores e financiadores dos atos.

Marco fiscal

Apesar da movimentação parlamentar, os ministros alojados no Palácio do Planalto ainda não decidiram qual estratégia vão adotar em relação ao ex-presidente. Integrantes da “cozinha” de Lula – as pastas vinculadas à Presidência – avaliam que o melhor a se fazer é aguardar o desenvolvimento da CPMI.

Assessores com salas no quarto andar do Palácio, onde ficam a Secretaria de Relações Institucionais e a Casa Civil, afirmam que está “tudo parado” nos preparativos do governo para fazer frente à ofensiva bolsonarista na CPMI. A tônica na sede do governo é que os trabalhos da CPMI só devem avançar, de fato, após a aprovação do novo marco fiscal. A Câmara aprovou na quarta-feira a tramitação em regime de urgência do arcabouço.

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