Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de abril de 2025
Os deputados estaduais gaúchos Capitão Martim (Republicanos) e Nadine Anflor (PSDB) participaram, nos Estados Unidos, de evento sobre preparação para desastres naturais. Promovida governo norte-americano, responsável pelo convite aos parlamentares, a atividade chegou ao fim nessa quarta-feira (16), após quase 11 dias de imersão em temas como defesa civil, liderança e resiliência.
Eles percorreram cidades com diferentes características geográficas e histórico de enfrentamento de catástrofes. Em Charlotte e Asheville (no Estado da Carolina do Norte), conheceram estratégias de planejamento urbano baseadas em aspectos como a dinâmica natural da água.
São regiões que superaram a vulnerabilidade a enchentes por meio de zonas de absorção – parques lineares, reservas ambientais urbanas, bacias de contenção e faixas de segurança alagáveis. Além disso, foram observadas construções edificadas com materiais e técnicas específicos para suportar inundações.
Em Louisville (Kentucky), Martim e Nadine visitaram centros de comando de última geração. A cidade opera um sistema de resposta integrado, por meio do qual um plano é deflagrado a partir do acionamento de alerta, no âmbito de um sistema baseado em tecnologia e comunicação entre diferentes esferas do poder público.
“Órgãos e agentes sabem exatamente a sua missão”, explicam os deputados. “Os dados chegam em tempo real, os recursos são ativados sem burocracia, e as vidas são protegidas com estratégia e rapidez.”
Martim ressalta: “Não basta reconstruir o que foi perdido. Precisamos construir um novo paradigma de gestão de risco, com foco na prevenção e resiliência, inclusive com a formação de um ‘exército’ de voluntários preparados, reconhecidos e valorizados, porque nenhuma muralha é mais forte que um povo unido e consciente de seu papel”.
Exemplo de Nova Orleans
Outro ponto-alto da viagem foi uma visita a Nova Orleans (Louisiana), devastada em 2005 por tragédia semelhante à de Porto Alegre e outras cidades da Região Metropolitana na enchente de maio do ano passado. Lá, o catástrofe foi originada pela passagem do furacão Katrina e deixou submerso 80% do território local e quase 2 mil mortos.
Em resposta, os Estados Unidos investiram cerca de US$ 14,5 bilhões em um sistema de redução de danos por furacões e tempestades). Trata-se de um complexo sistema de proteção que combina:
– Mais de 560 quilômetros de diques que cercam a cidade como uma muralha;
– 73 pumping stations (casas de bombas) de alta capacidade, projetadas para expelir bilhões de litros d’água em poucas horas;
– Canais de drenagem interligados à comportas automatizadas, com sensores climáticos e acionamento remoto;
– Barreiras contra tempestades costeiras, como a Lake Borgne Surge Barrier, considerada a maior obra do gênero já construída nos Estados Unidos.
A maior parte de Nova Orleans está situada abaixo do nível do mar, o que a torna vulnerável às inundações do rio Mississippi, tempestades tropicais e furacões do Golfo do México. Sua geografia, marcada por uma intensa interação com rios, canais e áreas alagáveis, apresenta forte semelhança com a região metropolitana de Porto Alegre. A cidade passou a operar dentro de um plano regional integrado, em que cada município do entorno atua sob o mesmo protocolo, dentro de um sistema unificado de resposta.
Organização Comunitária
Os parlamentares também tiveram sua atenção voltada para a existência de programas de voluntários civis treinados, mediante a formação de grupos que atuam em parceria com o poder público. Eles atuam de forma integrada a centros de comando de emergência, operando equipamentos, realizando triagem de vítimas, coordenando abrigos temporários e atendendo famílias em situação de vulnerabilidade, com rapidez e dignidade.
Nadine acrescentou: “Percebemos que é importante pensar na reorganização de processos e que, apesar de os Estados Unidos enfrentarem problemas semelhantes, busca-se evidenciar as competências de cada um, em uma cooperação clara entre cidadãos, especialistas e autoridades, sem distinções e ‘sem apontar o dedo’.
Matim finalizou: “Queremos trazer levar para o Rio Grande do Sul bons exemplos de voluntariado e organização, pois o céu pode voltar a escurecer e a água subir novamente, mas que tenhamos a certeza de que o Estado vai estar pronto”.
(Marcello Campos)