Segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Derrotas seguidas acendem alerta no bolsonarista

Depois de sucessivas derrotas ao longo do último mês, o bolsonarismo vive seu pior momento desde a ascensão de Jair Bolsonaro (PL), que o colocou no Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2019. Acostumado a arrastar multidões e a ter o monopólio da narrativa política no campo conservador, Bolsonaro agora está em prisão domiciliar, inelegível e condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. O ex-capitão acompanha a distância, de dentro de sua mansão no Jardim Botânico, seus filhos e aliados políticos negociarem em seu nome, inclusive, no projeto de dosimetria para os golpistas do 8 de Janeiro. Enquanto isso, a gestão Lula cresce em aprovação.

Com Bolsonaro fora do jogo, pré-candidatos à Presidência em 2026 sabem que a única candidatura viável será aquela que tiver o apoio explícito do ex-presidente. O obstáculo, no entanto, tem nome e sobrenome: Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que já sabotou a pré-candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e sinalizou que pretende disputar o Planalto em 2026 mesmo sem autorização de seu pai. A justificativa é que seu Bolsonaro não estaria em condições de tomar decisões políticas. A retórica tem sido utilizada, inclusive, para justificar sua inflexão sobre a revisão das penas. Para a insatisfação do ex-presidente, o parlamentar tem boicotado qualquer negociação que envolva reduzir a pena em vez de tirá-lo da cadeia.

Em termos práticos, Eduardo Bolsonaro agora é visto por caciques da direita como um ponto central de inflexão. Em 19 de setembro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a dizer que, se Eduardo lançar uma candidatura contrariando o pai, vai “ajudar a matá-lo de vez” — algo que o deputado classificou como “canalhice”. Já o senador Ciro Nogueira, presidente do PP e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, pediu união na direita.

Na avaliação do senador, a falta de entendimento pode entregar as próximas eleições de bandeja para Lula e potencializar a força de outros partidos de esquerda. Além da insatisfação das lideranças, Eduardo experimentou uma série de derrotas políticas na última semana.

Só na terça-feira, foram três: o aceno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Lula; o fracasso da manobra para virar líder da minoria na Câmara e salvar seu mandato de ser cassado por faltas; e o início do processo por quebra de decoro parlamentar na Comissão de Ética. Também na última semana, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação no curso do processo.

Com a possibilidade de esvaziamento da estratégia de bajulação ao governo dos Estados Unidos e sem acordo por anistia, a linha de frente do bolsonarismo, concentrada principalmente no Congresso, está sem rumo. Para o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o momento de crise é fruto de uma série de erros políticos causados por avaliações equivocadas do cenário. Parte deles foi justamente recorrer aos Estados Unidos em busca de uma intervenção nas instituições brasileiras. O tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil — e comemorado por líderes dessa ala política — prejudicou vários setores da sociedade, o que incluiu apoiadores do ex-presidente.

“Tudo isso só vem trazendo benefícios para o governo Lula que lhe foram entregues sem muito esforço. O Lula está jogando parado. A cada dia que passa, o bolsonarismo lhe dá um presente. E a cada pesquisa de opinião que sai, Lula aumenta ou reduz sua desaprovação e aumenta sua aprovação. O que o governo Lula fez de novo? Ganhou de presente do bolsonarismo o discurso da soberania, anti-corrupção”, avalia Grin, que atribui os erros à ausência de Bolsonaro. Ele também avalia que o futuro de Eduardo, no cenário atual, não o favorece nem para uma corrida eleitoral, nem para manter a influência. Com informações do portal Correio Braziliense.

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