Segunda-feira, 28 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de julho de 2025
Nesta segunda-feira (28), o Brasil celebra o Dia do Agricultor, data em que se presta homenagem àqueles que sustentam, com trabalho incansável, uma das principais engrenagens da economia nacional: o agronegócio. No Rio Grande do Sul, a data ganha contornos ainda mais simbólicos, após anos marcados por extremos climáticos, perdas econômicas severas e a busca constante por soluções para manter a produção ativa e sustentável.
O campo gaúcho tem convivido, nos últimos anos, com eventos climáticos extremos que impactaram profundamente a produção. Estimativas do setor apontam perdas superiores a 10 milhões de toneladas de soja em uma única safra, o que representa bilhões de reais em prejuízos acumulados.
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, a situação financeira de muitos produtores se agravou devido à sucessão de estiagens, com consequências também sobre a cultura do milho e outras lavouras. Ele defende que uma das soluções viáveis é o redirecionamento de recursos já existentes, como os provenientes do Fundo Social do Pré-Sal, para auxiliar na reestruturação das dívidas rurais e na implementação de tecnologias que tornem a produção mais resiliente.
Irrigação e desburocratização como caminhos
Entre as medidas consideradas fundamentais para enfrentar o novo cenário climático, a ampliação da área irrigada aparece como prioridade. A liberação de parte dos processos de licenciamento ambiental, especialmente para pivôs centrais e pequenos açudes, é vista como avanço significativo. Gedeão Pereira observa que, mesmo diante das dificuldades, há espaço para otimismo: “Resolver a seca é mais fácil do que lidar com o excesso de chuvas. A irrigação, quando viabilizada, é uma das soluções mais eficazes ao alcance do produtor”.
Ainda assim, o dirigente chama atenção para entraves burocráticos que seguem dificultando a adoção plena dessas soluções. A expectativa, segundo ele, é que haja alinhamento entre as esferas públicas e privadas para remover obstáculos e permitir ao agricultor produzir com maior segurança.
Eventos que impulsionam o setor
O calendário gaúcho de feiras e exposições agropecuárias é um dos mais robustos do país. Além da tradicional Expointer, realizada em Esteio, outro destaque é a Expodireto Cotrijal, que ocorre anualmente em Não-Me-Toque. A feira tem se consolidado como espaço estratégico para o debate de temas como inovação tecnológica, sustentabilidade, crédito rural e adaptação às mudanças climáticas.
Na edição de 2025, os impactos dos eventos extremos e o futuro do agronegócio em um cenário de incertezas climáticas estiveram no centro dos debates. Gedeão Pereira, que participou ativamente da programação, reconheceu que é necessário rever antigas percepções: “Hoje não tenho mais dúvidas de que o clima mudou. E isso precisa entrar definitivamente no planejamento da produção rural”.
Reconhecimento necessário
Mais do que um momento de celebração, o Dia do Agricultor é um chamado à reflexão. O papel do produtor rural vai muito além da geração de renda: ele está diretamente ligado à segurança alimentar, à preservação ambiental e ao desenvolvimento regional.
Em todo o estado, homens e mulheres seguem diariamente no campo, enfrentando adversidades, inovando e mantendo vivo o espírito de trabalho que caracteriza a agricultura gaúcha. Ao reconhecer a importância do agricultor, também se reconhece a urgência de políticas públicas eficazes, de infraestrutura logística adequada e de apoio concreto ao setor.
Neste 28 de julho, o Jornal O Sul presta homenagem a todos os agricultores do Rio Grande do Sul e reforça seu compromisso editorial com a valorização do campo, da produção nacional e das soluções que constroem um futuro mais justo e sustentável para o agronegócio brasileiro.