Por Redação do Jornal O Sul | 5 de novembro de 2025
No dia 4 de novembro, o Exército Brasileiro (EB) celebrou o dia do Oficial da Reserva (R/2). A data assinala o nascimento do Tenente-Coronel Luiz de Araújo Correia Lima, idealizador dos Órgãos de Formação de Oficiais da Reserva.
Nascido em Porto Alegre (RS), em 1891, filho de militar, foi um aluno exemplar e destacou-se nos cursos das Escolas Militares que frequentou. Como estudioso das doutrinas pós Primeira Guerra Mundial, identificou a importância da incorporação de cidadãos com formação superior às reservas mobilizáveis.
Assim, nasceu a ideia de convocar os alunos das faculdades e, fruto de seu esforço pessoal, foi criado, em 22 de abril de 1927, o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) do Rio de Janeiro. Essa organização militar (OM), pioneira na formação de Oficial da Reserva combatentes, teve, como primeiro comandante, o então Capitão Correia Lima. Nos anos seguintes, essa ideia consolidou-se com a criação de novos centros: o de Porto Alegre, em 1928, e os de Belo Horizonte e São Paulo, em 1930.
Mas então, o que produziu Correia Lima? O Exército Brasileiro, ao longo de sua história, sempre buscou preparar cidadãos aptos a defender a pátria e a contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Nesse contexto, o Oficial da Reserva desempenha um papel fundamental, não apenas dentro das fileiras militares, mas também na sociedade civil.
O Oficial da Reserva é aquele formado por meio do Serviço Militar Obrigatório, após aprovação e conclusão do curso em um dos Núcleos de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) ou Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).
Esses centros são responsáveis por capacitar jovens brasileiros, geralmente universitários, para exercer funções de comando, chefia e liderança, preparandoos para integrar a Reserva do Exército na condição de oficiais temporários. Após a conclusão do curso e do tempo de serviço ativo, esses oficiais retornam à vida civil, mantendo-se vinculados à reserva ativa e podendo ser convocados em situações emergenciais ou previstas na constituição brasileira.
O Oficial da Reserva representa um dos pilares do Sistema de Defesa Nacional, pois compõe a reserva mobilizável do Exército, sendo preparado para atuar em caso de necessidade, como guerras, calamidades públicas ou outras situações de interesse nacional.
Sua formação é voltada para o desenvolvimento de habilidades de liderança, disciplina, espírito de corpo e tomada de decisão, características essenciais para o bom desempenho das funções militares e, por consequência, da missão constitucional do Exército.
Além disso, a existência de oficiais temporários permite ao Exército Brasileiro uma maior flexibilidade e capacidade de adaptação, otimizando recursos humanos e financeiros. O ingresso periódico de novos Oficial da Reserva traz renovação, inovação e diversidade de experiências, beneficiando a instituição com profissionais que, após o tempo de serviço, levam os valores militares para as mais diversas áreas da sociedade civil.
Ao retornar à vida civil, o Oficial da Reserva carrega consigo uma bagagem de valores, princípios e competências adquiridos durante sua passagem pelo Exército. Esses valores, como ética, civismo, honestidade, lealdade, disciplina, respeito à hierarquia e ao próximo, tornam-se diferenciais em sua atuação profissional e social.
Muitos Oficial da Reserva tornam-se/são líderes em suas áreas de atuação, influenciando positivamente suas equipes e comunidades. Seja no setor público ou privado, a postura ética e o compromisso com o interesse coletivo distinguem esses profissionais, que se tornam referências de comportamento e de conduta cidadã. Assim, a influência do Oficial da Reserva vai além dos limites da caserna, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, solidária e responsável.
A formação do Oficial da Reserva prioriza o desenvolvimento de uma consciência cívica e ética, baseada no respeito às instituições, às leis e à dignidade humana. No cotidiano da vida civil, esses valores se manifestam em atitudes como o cumprimento do dever, a honestidade nas relações interpessoais e profissionais, o respeito às instituições e o engajamento em causas nacionais.
Nesse sentido, o Oficial da Reserva é um guardião dos valores assimilados na caserna, disseminando e multiplicando boas práticas e servindo de exemplo para as gerações futuras.
Sua atuação ética e responsável contribui para o fortalecimento da cidadania e para a manutenção de um ambiente social pautado pelo respeito e pela integridade. Apesar de todas as contribuições, o Oficial da Reserva enfrenta desafios, como o reconhecimento adequado de sua formação e sua reinserção no mercado de trabalho civil.
É fundamental que a sociedade e as instituições valorizem esses homens, reconhecendo o potencial transformador dos valores por eles conduzidos quando aplicados em diferentes contextos.
Além disso, o papel integrador por eles representado, entre o meio militar e civil podem potencializar o aproveitamento das suas competências desenvolvidas, promovendo uma cultura de liderança ética e cidadã e progresso social em todos os âmbitos.
Portanto, celebrar o Ten Cel Correia Lima é também celebrar os milhares de Oficiais da Reserva do Exército Brasileiro formados ao longo destes anos. Eles são agentes multiplicadores de valores cívicos, éticos e morais, fundamentais para a defesa da pátria e para o fortalecimento da sociedade civil. Sua importância transcende os quartéis, refletindo-se na construção de um Brasil mais íntegro, justo e comprometido com o bem comum.
SALVE CORREIA LIMA! RESERVA ATIVA, BRASIL!
Júlio Cesar Hilzendeger é presidente da AOR/2-RS, 2º Ten R/2 Inf 1975, administrador, professor e consultor
