Terça-feira, 12 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de agosto de 2025
Nesta segunda-feira (11), dirigentes de clubes das Séries A e B, presidentes de federações estaduais e representantes da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) estão reunidos no Rio de Janeiro para debater a implantação de um sistema de Fair Play Financeiro no futebol nacional. A iniciativa busca enfrentar o crescente endividamento dos clubes e promover uma cultura de gestão mais responsável e transparente.
Embora a discussão ainda esteja em fase inicial, há consenso entre os participantes de que medidas concretas precisam ser adotadas para conter os desequilíbrios financeiros que afetam o esporte. O encontro desta segunda-feira é mais amplo que o primeiro realizado pela CBF em junho, que contou com representantes de 28 clubes e oito federações. No entanto, a presença de presidentes de clubes é limitada — a maioria optou por enviar executivos ou membros dos departamentos financeiros.
O encontro tem como objetivo contextualizar a situação financeira dos clubes brasileiros, apresentar modelos internacionais de Fair Play Financeiro e avaliar possibilidades de adaptação à realidade local. Um dos destaques da plenária foi a participação de Sefton Perry, chefe do Centro de Análise e Inteligência da UEFA e responsável pela implantação do sistema na Europa.
Durante sua apresentação, Perry explicou como o Fair Play Financeiro europeu tem contribuído para a redução das dívidas dos clubes, especialmente aquelas relacionadas a impostos. Ele destacou o caso da Espanha como exemplo de sucesso:
“Na Europa, a maior parte das dívidas de transferência são para as autoridades de imposto. Basicamente, você recebe o dinheiro dos jogadores e tem que pagar o imposto, e isso não acontece. E eu acho que isso é o mesmo aqui”, afirmou.
“O maior problema que vimos nisso foi a Espanha. Em 2010, 2011, havia um clube com mais de 200 milhões de euros em dívidas para as autoridades de imposto. Desde então, a Liga e o governo se envolveram. A Liga trouxe regulações muito restritas. O Barcelona tem problemas para registrar jogadores, porque eles têm um sistema muito restrito. E as dívidas caíram consideravelmente”, completou.
Segundo a CBF, a proposta de implantação do Fair Play Financeiro no Brasil visa promover uma mudança na cultura de gestão dos clubes, com foco em organização financeira, transparência e diálogo. A entidade reconhece que o processo será gradual, mas acredita que a adoção de regras claras pode fortalecer o futebol nacional a longo prazo.
A expectativa é que novas reuniões sejam realizadas nos próximos meses para aprofundar o debate e construir um modelo que respeite as especificidades do futebol brasileiro, mas que também garanta maior responsabilidade na administração dos clubes.