Sábado, 07 de junho de 2025

Disputa baseada na rejeição pode não funcionar na eleição de 2026, avaliam ministros do governo, que temem a força de Tarcísio de Freitas

Os números da pesquisa Quaest divulgada na última quinta-feira (5) sobre a eleição presidencial em 2026 revelam uma preocupação que já existia no núcleo do governo: de cenário desafiador e disputa extremamente difícil.

Ministros do governo ouvidos pelo blog de Gerson Camarotti no G1 avaliam que a disputa de rejeição — que favoreceu Luiz Inácio Lula da Silva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 — pode não funcionar mais se a direita se unificar em torno de um nome competitivo.

Esses mesmos interlocutores veem uma tendência de desgaste crescente da imagem do presidente em face das últimas crises, como a da fraude no INSS e a da alta no IOF.

Essas sucessivas crises no governo custaram a queda da popularidade do presidente e um aumento da rejeição.

Segundo pesquisa Quaest de quarta (4), a desaprovação ao governo Lula atingiu 57% dos eleitores brasileiros.

Ao passo que, na quinta, um outro recorte da pesquisa trouxe que 66% dos brasileiros são contra a candidatura do presidente Lula à reeleição em 2026,

Dessa forma, o governo está com dificuldade de emplacar uma agenda positiva.

Ainda segundo integrantes do alto escalão do Planalto, o ambiente é de preocupação real, com reconhecimento de que será a eleição mais difícil da trajetória política de Lula.

Tarcísio 

A principal preocupação no momento, conforme relataram ministros à reportagem, é com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Apesar de ainda ser relativamente pouco conhecido nacionalmente, ele já apresenta intenção de voto elevada entre quem o conhece, o que o torna um nome com alto potencial de crescimento.

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, mencionou nesta quinta que os nomes apontados como alternativas a Bolsonaro têm crescido porque eles têm se tornado mais conhecidos.

“O desconhecimento do Tarcísio, por exemplo, saiu de 45% para 39% em 5 meses (-6). Caiado foi de 68% para 62% (-6), Ratinho de 51% para 48% (-3) e Zema de 62% para 60% (-2)”, afirmou Nunes.

A avaliação no Planalto é de que Tarcísio tem menor rejeição que outros nomes do campo dos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), que apresenta, na avaliação do núcleo do governo, rejeição considerada “proibitiva” mesmo entre eleitores mais à direita.

Nos bastidores, o receio é que o ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030, faça uma “escolha racional” e apoie um nome mais competitivo, como Tarcísio. Nesse cenário, a união da direita tornaria a disputa mais difícil para Lula já no primeiro turno.

Fragmentação 

Por outro lado, o governo também trabalha com um cenário alternativo — a fragmentação da direita, com candidaturas simultâneas como a de Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema (Novo), Michelle Bolsonaro (PL) e outros nomes.

Esse desdobramento, segundo ministros, beneficiaria Lula no primeiro turno, ao dividir o campo adversário e reduzir o risco imediato de derrota.

Ainda assim, os dados da Quaest mostram que o presidente empata tecnicamente com todos os principais nomes da oposição, o que nunca havia ocorrido desde o início de seu terceiro mandato.

Além de Bolsonaro, Lula está numericamente empatado com Tarcísio, Michelle, Eduardo Leite e Ratinho Júnior.

Outro ponto que chama a atenção dentro do governo é o possível esgotamento da imagem de Lula. A pesquisa mostra que 66% dos entrevistados avaliam que ele não deveria se candidatar novamente em 2026. Para aliados do presidente, esse é um dos dados mais duros do levantamento.

A leitura é de que a dificuldade do governo em emplacar uma agenda positiva tem alimentado a insatisfação popular. As crises dos últimos meses reforçaram a maré negativa como:

* fiscalização do PIX
* inflação dos alimentos
* fraude no INSS
* alta IOF

No caso do IOF, a crise começa a ser percebida agora pela população, mas o governo tenta reverter em parte.

Máquina do governo 

Apesar do diagnóstico preocupante, o núcleo do governo não considera o cenário perdido. Há uma aposta na força da máquina federal, na reversão da agenda negativa e em uma estratégia de comunicação mais eficaz.

Para ministros próximos a Lula, ainda há tempo para recuperar apoio popular e tornar o presidente mais competitivo na reta final da campanha.

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