Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de outubro de 2025
Todos os meses, o Bureau of Labor Statistics (Departamento de Estatísticas do Trabalho) produz um indicador sobre o emprego nos Estados Unidos. Mas os economistas ficaram sem rumo nesta sexta-feira (3), quando o departamento reteve os dados por conta da paralisação do governo federal.
As medições da agência sobre o crescimento dos salários, o desemprego e a criação de empregos orientam os investidores na alocação de capital e o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) nas decisões sobre taxas de juros.
De acordo com especialistas, sem os dados, as perspectivas são nebulosas, pois os riscos são muitos, de modo que as empresas podem ficar ainda menos dispostas a tomar decisões sobre o futuro.
“Nesse ambiente, o risco de um crescimento mais lento decorre da visibilidade reduzida da economia em um período já incerto, e menos da paralisação em si”, escreveu Mike Reid, economista norte-americano da RBC Capital Markets, em uma nota aos clientes.
Os números provavelmente não serão divulgados até que a questão do orçamento esteja resolvida, mas, no momento, a previsão para o crescimento do emprego é moderada. Economistas consultados pela Bloomberg esperavam que os empregadores tivessem criado 53 mil empregos no mês passado, menos do que a média de 64 mil criados nos seis meses anteriores, antes das revisões. O Federal Reserve Bank de Chicago estimou que a taxa de desemprego permaneceu em 4,3%.
A processadora de folha de pagamento ADP estimou que os empregadores não governamentais eliminaram 32 mil empregos em setembro, enquanto a empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas descobriu que os planos de contratação anunciados pelas empresas até agora este ano estavam no nível mais baixo desde 2009.
“A fraqueza do mercado de trabalho é evidente e está se acelerando, e o que é considerado um bom relatório de empregos será cada vez mais revisado para baixo”, disse Andrew Flowers, economista-chefe da Appcast, empresa de tecnologia de recrutamento. “O principal fator para isso é a contração da oferta de mão de obra, particularmente com as restrições à imigração. Mas também há evidências de que a demanda está enfraquecendo.”
A senadora Elizabeth Warren, democrata de Massachusetts, enviou uma carta na quinta-feira pedindo ao Departamento do Trabalho que divulgasse os dados, apesar da paralisação. De acordo com William Beach, ex-comissário do Bureau of Labor Statistics, a pesquisa mensal foi coletada e processada esta semana.
Com ou sem paralisação, o governo já cancelou algumas coletas de dados, como uma pesquisa anual sobre segurança alimentar e outra sobre os salários dos trabalhadores rurais, o que obscurecerá a compreensão da saúde econômica dos Estados Unidos.
(Com O Estado de S.Paulo)