Quinta-feira, 31 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de julho de 2025
A imposição de tarifas ou barreiras comerciais pelos Estados Unidos aos produtos do setor primário brasileiro, embora hipotética, levantaria sérios desafios para a economia nacional. Ao encarecer produtos como soja, carne bovina, café, celulose e minério de ferro no mercado americano, a taxação reduziria significativamente a competitividade brasileira, acarretando um efeito dominó em toda a cadeia produtiva.
Temos inúmeros profissionais Técnicos Agrícolas juntamente com demais profissionais atuando nestas cadeias produtivas, gerando resultados econômicos e sociais no nosso Estado do RS.
Primeiramente, a redução das exportações para os EUA, importante parceiro comercial, resultaria em queda nas receitas das empresas exportadoras.
Para tentar manter a competitividade, produtores poderiam ser obrigados a reduzir preços, pressionando ainda mais as margens de lucro. A diminuição das exportações desencadearia menor demanda interna por insumos, máquinas e transporte, impactando diversos elos ligados ao agronegócio e à mineração.
A rentabilidade reduzida afastaria investimentos em tecnologia e expansão, freando o avanço produtivo nacional. Buscando reagir, o Brasil teria que acelerar a diversificação de destinos de exportação – processo complexo e que pode intensificar a competição em outros mercados, pressionando preços globais.
No âmbito macroeconômico, a queda nas exportações afetaria a balança comercial e, consequentemente, a estabilidade do real frente ao dólar. Como o setor primário representa parcela relevante do PIB, o recuo da atividade teria efeito cascata na indústria, nos serviços e até na geração de empregos, reduzindo também a arrecadação fiscal dos governos federal e estaduais.
No plano social, o impacto sobre empregos e renda seria grave. Empresas e propriedades rurais poderiam fechar as portas devido à perda de rentabilidade, resultando em demissões em massa e diminuição do poder de compra das famílias. Estado como o Rio Grande do Sul, já fragilizados por eventos climáticos nos últimos anos, estariam entre os mais atingidos.
A redução das oportunidades no campo intensificaria o êxodo rural em direção às cidades, agravando problemas urbanos de infraestrutura e pressionando ainda mais os programas sociais. O aprofundamento das desigualdades regionais e sociais, especialmente entre áreas fortemente dependentes das exportações primárias, aumentaria a pobreza, gerando instabilidade social.
Ainda que seja um cenário hipotético, a taxação norte-americana sobre o setor primário brasileiro exigiria do país uma reestruturação urgente da política comercial e estratégias de diversificação.
Os efeitos ultrapassariam o campo econômico, repercutindo profundamente, exigindo respostas rápidas para sustentar emprego, renda e desenvolvimento regional. A mitigação dos impactos dependeria de políticas públicas eficazes, fortalecimento do mercado interno e abertura a novos parceiros comerciais.
(Carlos Alberto Turra é técnico agrícola e presidente do SINTARGS/RS)