Sábado, 27 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de setembro de 2025
Apesar da melhora nos índices em relação aos anos anteriores, quase 3 mil pessoas permanecem na lista de espera por um órgão no Rio Grande do Sul. A fila inclui ao menos 1.486 pacientes aguardando por um rim (ou dois), 1.155 por córnea, 173 por fígado 85 por pulmão e 15 por coração. Os números são da Central de Transplantes da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
De acordo com as autoridades gaúchas, tal cenário reforça o alerta para a importância da continuidade das ações destinadas a ampliar o contingente de doares. A conscientização sobre o gesto inspirou, aliás, a criação do mês temático “Setembro Verde”, com uma série de iniciativas.
A programação abrangeu eventos como o primeiro simpósio estadual sobre o assunto. Realizado nos dias 22, 23 e 24 no auditório do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), em Porto Alegre, o encontro integrou a campanha “O Amor Vive”, do governo gaúcho.
Os participantes apresententaram dados estatísticos referentes ao período entre o início de janeiro e a primeira quinzena de setembro. Entre órgãos sólidos e tecidos (córneas, ossos, pele, medula óssea), o Rio Grande do Sul teve 1.549 transplantes bem-sucedidos:
– Rim: 393
– Fígado: 92
– Coração: 16
– Pulmão: 29
– Córnea: 751
Nunca é demais chamar a atenção para o fato de que uma única pessoa pode salvar até oito vidas por meio da doação de órgãos. Isso vale para coração, fígado, rins, pâncreas, pulmões e tecidos (córneas, pele, vasos, ossos e tendões).
Processo feito de etapas
Conforme a secretária-adjunta da Saúde, Ana Costa, o processo começa com a doação de um órgão e é concluído somente com a efetivação do transplante: “Trata-se de uma engrenagem perfeita, incluindo a captação e análise de compatibilidade, depois pelo transporte com apoio das forças policiais, e a chegada do órgão ao local onde será realizado o transplante”.
Ela também reiterou a importância do convencimento, um tema sempre delicado, sobretudo em um país onde somente a família do indivíduo falecido pode autorizar a doação de órgãos: “É essencial a abordagem dos profissionais às famílias num momento de dor, para que possam proporcionar a alguém a possibilidade de seguir adiante a vida”.
O presidente do Cremers, Régis Angnes, salientou que essa é uma das atitudes mais generosas que um ser humano pode ter: “Quando escolhemos a medicina, temos que refletir por que escolhemos esse caminho. A doação de órgãos vai além dos aspectos técnicos e exige pensar nas vidas impactadas, na notícia de morte, na responsabilidade e nas pessoas que podem ser salvas”.
Caminhada neste sábado
Lançada pelo governo do Estado em 2023, por meio de parceria com instituições públicas, entidades sociais e cidadãos engajados à causa, a campanha “O Amor Vive” busca ampliar a visibilidade ao tema. São diversas ações ao longo do ano, com mensagens de estímulo para que mais gaúchos se tornem doadores e falem sobre o assunto com seus familiares.
Uma caminhada no Centro Histórico de Porto Alegre celebra neste sábado, das 8h às 10h, o Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro). A atividade é aberta ao público em geral e tem como ponto de partida a área em torno da Usina do Gasômetro, prosseguindo até a Rótula das Cuias para então retornar de onde começou.
(Marcello Campos)