Terça-feira, 17 de junho de 2025

Dólar desacelera e fecha abaixo de 5 reais. Bolsa de Valores sobe após mais longa série negativa desde 2016

A Bolsa interrompeu uma sequência de sete baixas consecutivas enquanto o dólar fechou em queda, após voltar a operar acima dos R$ 5, nesta quarta-feira (27).

A divulgação de dados sobre a inflação no Brasil abaixo do esperado, sinalizações de estímulo econômico vindos da China e a menor aversão ao risco no exterior ajudaram os ativos domésticos.

O Ibovespa subiu 1,05%, aos 109.349 pontos. O principal índice da B3 foi impulsionado pela alta dos papéis de empresas ligadas a commodities.

No ano, o Ibovespa tem alta acumulada de 4,32%. Mas em abril, o índice cai 8,87%. A moeda americana teve baixa de 0,45%, negociada a R$ 4,9675, após atingir a máxima de R$ 5,0403.

O dólar não operava acima dos R$ 5 desde o pregão de 21 de março, quando esteve cotado a R$ 5,0300 durante o dia para fechar em R$ 4,9940.

No ano, a divisa acumula queda de 10,89%. Em abril, porém, a divisa sobe 4,38%.

Melhora externa 

Para o operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, a desaceleração do dólar ante outras divisas emergentes no exterior, na parte da tarde, ajudou o real, que também contou com a busca por ativos de risco no dia.

“Lá fora, melhorou e, internamente, tivemos um fluxo pontual de entrada de recursos.”

Para Iha, a tendência é que o dólar sofra uma correção para cima dos R$ 5 diante do cenário externo mais desafiador e da menor entrada de recursos estrangeiros no país.

“A tendência é de corrigir. Vai depender dos passos do Fed (Banco central americano) e do nível de inflação no mundo. Temos um princípio de desaceleração do fluxo e, internamente, nada melhora. O diferencial de juros ajuda o real, mas o país tem que passar credibilidade e confiança”, disse o operador, destacando os recentes conflitos entre os Poderes e a proximidade do período eleitoral.

Até o pregão do último dia 25, o fluxo estrangeiro em abril no segmento secundário da B3, aquele com ações já listadas, era negativo em R$ 1,824 bilhão. No acumulado anual, o saldo da conta ainda é positivo em R$ 63,504, 2 bilhões.

“É um movimento de correção. Tivemos dias de subida com a crise de covid e as expectativas de aumento de juros lá fora e um saque na Bolsa”, disse o gerente comercial da B&T Câmbio, Felipe Steiman.

Para Steiman, ainda é cedo para dizer que a alta recente do dólar representa uma reversão de tendência para o real.

“O diferencial de juros continua alto e a Bolsa, depreciada, com empresas ainda com preços atrativos”, pondera.

A divisa vinha de três pregões consecutivos de valorização, influenciada pelos receios em relação a um aperto monetário mais agressivo por parte do Federal Reserve, Banco Central americano, e pelas medidas de restrição contra a covid impostas na China.

O temor é de uma desaceleração no crescimento econômico chinês, que impacta o preço de commodities e impõe mais gargalos nas cadeias de produção global. Isso em um cenário de liquidez menor nos mercados.

“O grande tema em termos globais para fins de precificação nos últimos meses é a inflação. O que temos visto é um somatório de fatores que contribuem para uma comunicação ainda mais dura por parte das autoridades monetárias. O real perdeu um pouco mais do que os pares nesses últimos dias, mas o que se explica são ventos mais desafiadores em termos globais”, disse o sócio-fundador da Nau Capital, Evandro Bertho.

No caso do Ibovespa, o avanço dos papéis ligados a commodities ajudou a evitar um novo dia de perdas.

Os ativos apresentaram fortes altas após sinalizações do governo chinês de que pretende ampliar gastos com infraestrutura.

“O noticiário na China também foi mais positivo, o que permitiu ganhos maiores. O governo anunciou medidas fiscais de estímulo econômico destinadas a diversos setores – medidas que se somam às intervenções recentes do PBoC (Banco Central Chinês)”, destacaram analistas da Guide Investimentos, em relatório.

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiram 0,30% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) fecharam estáveis.

As ordinárias da Vale (VALE3) avançaram 5,35%. Após o fechamento do pregão, a mineradora divulga seu balanço do primeiro trimestre. A expectativa é de um lucro menor ante igual período do ano passado, com volumes de produção inferiores e custos mais altos.

Os papéis ON da Siderúrgica Nacional (CSNA3) subiram 4,58%. Os ativos PN da Usiminas (USIM5) tiveram alta de 1,11% e os da Gerdau (GGBR4), de 6,01%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) caíram 0,81% e as do Bradesco (BBDC4) tiveram alta de 0,60%.

O especialista da Nau destaca que, pelos fundamentos, há espaço para a Bolsa buscar uma recuperação, já que muitos ativos continuam desvalorizados. No entanto, há maior imprevisibilidade sobre a entrada de fluxo estrangeiro, fator que sustentou o mercado doméstico no primeiro trimestre do ano.

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