Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Dólar fecha a R$ 5,48 e termina o ano com a maior queda em quase uma década

2025 foi marcado por uma forte desvalorização do dólar no mundo. A divisa fechou o último pregão do ano, na terça-feira (30), em queda de 1,47%, cotado a R$ 5,4887. No Brasil, a moeda norte-americana caiu 11,18% frente ao real no acumulado de 12 meses. Trata-se do maior recuo em quase 10 anos: em 2016, a queda foi de 17,8%. O Ibovespa, por sua vez, terminou o dia em alta de 0,40%, aos 161.125 pontos. A Bolsa encerrou 2025 com valorização superior a 30%, no maior ganho anual desde 2016 — mesmo com os juros no maior nível dos últimos 20 anos.

A trajetória do dólar reflete apostas em novos cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, além de preocupações com o déficit das contas públicas e com a condução da economia pelo presidente Donald Trump.

No caso da Bolsa, o desempenho reflete a expectativa de cortes de juros nos EUA e no Brasil, a realocação de investimentos em favor de ativos brasileiros, a maior resiliência do país nas tensões comerciais com os EUA e a avaliação de que as ações brasileiras ainda são negociadas abaixo dos níveis pré-pandemia.

Na terça-feira, em específico, os investidores acompanham com atenção a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve e de indicadores do mercado de trabalho no Brasil.

A ata do Fed indicou que os dirigentes do BC dos EUA só concordaram em cortar a taxa básica na última reunião após um debate com muitas nuances sobre os riscos enfrentados pela economia norte-americana. Segundo o documento, a “maioria dos participantes” acabou apoiando a redução dos juros por acreditar que a medida ajudaria a “estabilizar o mercado de trabalho”, mas muitos ainda “expressaram preocupação” com a demora de a inflação rumar em direção à meta de 2% do comitê.

As projeções mostram que o mercado financeiro espera apenas mais um corte em 2026, enquanto o novo comunicado indica que o Fed provavelmente deve esperar a divulgação de novos dados que mostrem que a inflação voltou a cair ou que o desemprego está aumentando mais do que o previsto.

No cenário político e comercial, o mercado ainda repercute o acordo entre EUA e Israel envolvendo produtos agrícolas e outros setores. Também chamam atenção as críticas de Trump ao presidente do Fed, Jerome Powell, que classificou como “extremamente incompetente”.

No Brasil, o foco está nos dados do mercado de trabalho. O IBGE mostrou que a taxa de desemprego caiu para 5,2% em novembro, o menor nível da série histórica iniciada em 2012. Também houve recorde no número de pessoas ocupadas e de trabalhadores com carteira assinada.

O Ministério do Trabalho divulgou o Caged de novembro, com criação de 85,9 mil empregos formais em novembro. O resultado representa um recuo de 19,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram criados cerca de 106,1 mil vagas.

Entre os indicadores econômicos, os investidores seguem atentos às contas públicas, após o governo central registrar déficit de R$ 20,2 bilhões em novembro, acima das expectativas do mercado.

Bolsas globais

Fora do Brasil, os mercados de ações tiveram um desempenho misto durante o dia.

Nos EUA, as bolsas tiveram a terceira sessão seguida de queda em Wall Street. O momento foi marcado por vendas no setor de tecnologia, que vinha acumulando ganhos expressivos ao longo do ano.

Ações como Nvidia, Palantir, Oracle e Tesla recuaram com as preocupações de um possível excesso de investimentos ligados à inteligência artificial. O setor de materiais também pressionou os índices.

Ao final da sessão, Dow Jones caiu 0,20%, aos 48.367,06 pontos, enquanto S&P 500 recuou 0,14%, aos 6.896,23 pontos. O Nasdaq Composite, por sua vez, fechou em queda de 0,245, aos 23.419,08 pontos.

Já na Europa, as bolsas atingiram mais um recorde de fechamento, com o principal índice, STOXX 600, encerrando em alta de 0,6%. O ano foi positivo para os mercados europeus por conta de juros mais baixos, sinais de estímulo fiscal e maior diversificação dos investimentos globais.

Na Ásia, as bolsas encerraram o pregão com desempenho misto. Na China, o mercado interrompeu uma sequência de nove dias de alta, com investidores embolsando lucros. Mesmo com a pausa, o mercado chinês segue acumulando ganhos expressivos em 2025.

A terça-feira foi marcada por mudanças entre setores. Ações de tecnologia, inteligência artificial e defesa avançaram, enquanto papéis do setor imobiliário, além de saúde e seguros, recuaram. O segmento de defesa ganhou força após exercícios militares chineses ao redor de Taiwan.

Em Hong Kong, o tom foi mais positivo, impulsionado pelas ações de tecnologia, que atingiram máximas recentes. A estreia de novas empresas chinesas na bolsa local, com boa recepção dos investidores, reforçou o momento mais favorável do mercado de capitais na cidade.

No Japão, a bolsa fechou em queda, pressionada por perdas em empresas de tecnologia e de data centers. Ações do SoftBank recuaram após o anúncio da aquisição da DigitalBridge, movimento que pesou sobre o humor dos investidores.

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