Quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Dólar fecha abaixo de R$ 5,40 pela primeira vez em mais de um ano

O dólar comercial encerrou essa terça-feira (12) em forte queda de 1,06%, a R$ 5,385, o menor valor desde junho de 2024. A moeda já recua 12,85% neste ano. Na Bolsa, ventos positivos. O principal índice da B3, o Ibovespa, disparou 1,69%, chegando aos 137.914 pontos.

Mas o que está por trás dos ventos favoráveis no mercado financeiro atualmente? Analistas apontam como principal motivo os dados de inflação nos Estados Unidos divulgados nessa terça. Mas também contribuíram, por aqui, os números mais benignos do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Os dois indicadores de inflação trouxeram fôlego para o real e para a Bolsa de Valores. Inflação mais baixa abre espaço para que os bancos centrais de EUA e Brasil possam reduzir os juros à frente, o que tende a desvalorizar o dólar globalmente e favorece o mercado de ações.

Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos marcou avanço mensal de 0,2% em julho, em linha com o consenso do mercado colhido pela agência Bloomberg. Já o anual ficou em 2,7%, marginalmente abaixo da expectativa de 2,8%.

“(O dado) ‘escanteou’ o receio de uma surpresa altista da inflação. Porque a gente viu na última leitura alguns sinais amarelos que poderiam nos trazer contornos de que as tarifas do (presidente dos EUA, Donald) Trump poderiam trazer pressão adicional de maneira crescente, ao passo que entramos nesse segundo semestre. Não foi o caso, o dado veio em linha com o esperado”, explica Matheus Spiess, estrategista da Empiricus.

Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, ressalta que os números “indicam efeitos modestos das tarifas comerciais” de Trump na inflação americana até agora, uma vez que os impostos elevados sobre importados tende a encarecer produtos para os americanos.

Diferencial

O CPI de julho aumentou as projeções do mercado para que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte os juros nos EUA já em setembro, o que tende a tornar a renda fixa americana menos atraente e redirecionar parte dos investimentos para outros mercados.

Isso, por sua vez, enfraqueceu o dólar globalmente. O índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de outras seis divisas (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), cedia 0,46%, a 98,07 pontos, por volta das 16h44.

Além disso, Spiess também destaca que o real pode ser uma das moedas mais beneficiadas deste movimento de corte de juros nos EUA, uma vez que a taxa de juros brasileira (Selic) segue elevada. Este diferencial entre as taxas americana e brasileira tende a favorecer a operação conhecida como carry trade, em que o investidor toma dinheiro emprestado num país onde os juros são baixos e aplica em outro no qual a taxa é elevada.

Otimismo

Um aumento do fluxo de capitais para o Brasil tende a reduzir o valor da moeda americana diante da brasileira.

“O carry (trade) está muito alto, o juro real brasileiro está muito alto. (…) Se você corta juros nos Estados Unidos, você tem mais folga para cortar juros para cá, sem que haja pressão de câmbio. Então, você tem uma dinâmica mais positiva para a moeda brasileira”, diz o analista da Empiricus.

Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, destaca que, nos EUA, as Bolsas de Nova York reagiram positivamente, com os índices S&P 500 e Nasdaq renovando recordes históricos, em altas de 1,13% e 1,39%, respectivamente:

“O mercado interpretou o dado de forma benigna, (…) indicando que o Fed pode manter sua postura cautelosa, mas corroborando a expectativa de cortes de juros a partir de setembro, o que alimenta o otimismo com ativos de risco pela atratividade relativa e a expectativa de um ambiente de negócios mais dinâmico.”

A analista continua:

“A leitura sugere que a inflação está desacelerando de maneira gradual, sem justificar uma mudança radical na política monetária, mas afastando parte dos temores de um cenário de estagflação.” (Com informações do jornal O Globo e da AFP)

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